Se vai boicotar O Boticário, deixe de lado também Facebook e Apple
Marcas multinacionais apoiaram os direitos dos homossexuais nos EUA No Brasil, marca de cosméticos enfrenta polêmica por propaganda que mostra casais gays
O primeiro passo é sair do Facebook. Sim, se você quer boicotar empresas que defendem direitos dos homossexuais vai ter que deixar a rede social de lado. Ela é uma das 379 empresas que assinaram um documento entregue à Suprema Corte dos Estados Unidos em março pedindo o fim da proibição do casamento gay. Não procure a lista das signatárias no Google: o buscador mais popular da Internet também está entre elas. Boicotar O Boticário, que lançou na semana passada uma propaganda para a campanha do Dia dos Namorados com casais homossexuais trocando presentes, parece fácil comparado a abandonar a sua timeline e ficar sem os likes.
A propaganda do Boticário, com pouco mais de 30 segundos, foi ao ar na TV aberta e no canal da empresa no YouTube. Alguns internautas criticaram as cenas de afeto - um abraço - entre casais gays, e pediram um boicote à marca. O Boticário reagiu divulgando uma nota onde afirma que o comercial busca "abordar com respeito e sensibilidade a ressonância atual sobre as mais diferentes formas de amor. Independente de idade, raça, gênero ou orientação sexual".
Então se você optou por boicotar o Facebook, ainda pode contar com Twitter certo? Errado. O microblog também assinou o documento entregue à Suprema Corte. Bom, que tal deixar as redes sociais de lado um pouco e descontrair jogando videogames? Se você quer boicotar as companhias pró-LGBTs, fique longe da franquia Fifa e da série The Sims, já que a Eletronic Arts, responsável pelos produtos, é a favor do casamento igualitário. Mas quem precisa de videogames na era dos smartphones? A não ser que você tenha um iPhone ou um celular com sistema operacional Android ou um Windows Phone. Neste caso, se livre dos aparelhos: Apple (o presidente da empresa, Tim Cook, é gay assumido) e Microsoft também assinaram a carta, e o Android é da Google.
Para o boicotador de verdade, calças Levis e produtos da Nike também estão vetados. Inclusive aquela camisa da seleção brasileira que vez ou outra sai do armário para ir a manifestações contra a corrupção e contra o Governo. Acostume-se também ao sabor dos refrigerantes Dolly: tanto a Coca-Cola quanto a Pepsico, fabricante da Pepsi, assinaram a lista. O café no Starbucks e o sorvete da Ben & Jerrys também terão que ser deixados de lado. E nem pense em pagar nada disso com seu cartão de crédito Visa ou do Citibank.
Viajar para a Disneylândia também não pode: a empresa responsável por Mickey & companhia é signatária do documento. Mesmo se não fosse, o boicotador sério jamais poderia ir para o mundo da fantasia a bordo de um avião da United Airlines, Delta ou American Airlines: todas apoiam o casamento gay. E nunca a passagem de avião pode ser adquirida com desconto no site de compras coletivas Groupon. Se deixar de consumir todas estas marcas parecer triste e der vontade de chorar, não seque as lágrimas com lenços de papel Kleenex: a fabricante deles, Kimberly-Clarck, também é a favor do casamento gay.
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