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O primo vegetariano do tiranossauro

Descoberto o Chilesaurio, um parente herbívoro dos grandes dinossauros carnívoros

Nuño Domínguez
Representação de dois 'Chilesaurus diegosuarezi'
Representação de dois 'Chilesaurus diegosuarezi'Gabriel Lío

A família dos ferozes tiranossauros acaba de ficar maior e um pouco menos aterrorizante. Uma equipe de paleontólogos e geólogos encontrou uma nova espécie de dinossauro no Sul do Chile que, apesar do parentesco com os grandes carnívoros, tem uma inigualável mistura de traços de outros dinossauros. O mais notável, dizem, é que o Chilesaurus diegosuarezi não comia carne.

A nova espécie foi achada na Patagônia chilena, no Sul do país. Seu nome homenageia Diego Suárez, um menino de sete anos de idade que procurava pedras na província de Aisén quando achou um osso do dinossauro. Os pais do garoto, os geólogos chilenos Manuel Suárez e Rita de la Cruz, descrevem a descoberta na revista Nature, junto com outros especialista da Argentina, do Chile e do Reino Unido. Ao todo foram recuperados mais de 12 espécimes, entre os quais 4 esqueletos completos. A maioria tinha o tamanho de um peru, mas alguns ossos mostram que podiam chegar a medir três metros.

Seus descobridores o comparam a um ornitorrinco, o mamífero com bico que bota ovos e parece feito de partes de vários animais. O chilessauro também era uma espécie de quebra-cabeças evolutivo. Pertencia ao grupo dos terópodes, formado em sua imensa maioria por dinossauros carnívoros com dentes espetaculares e força imensa, como o tiranossauro e o carnotauro. Mas o crânio e os pés do chilessauro são mais parecidos com os de dinossauros herbívoros. Suas mandíbulas e dentes também são típicos de animais jurássicos que não caçavam nem comiam carne.

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É um dos casos mais “radicais” de evolução em mosaico, dizem seus descobridores. Enquanto seus parentes continuavam a aperfeiçoar suas características feitas para caçar e destroçar presas, o chilessauro começou a se adaptar a uma vida e a uma dieta de herbívoros pacíficos, desenvolvendo partes de seu corpo semelhantes às de dinossauros com os quais não tinha parentesco.

O primeiro no Chile

Até agora se achava que o surgimento dos primeiros dinossauros herbívoros entre os terópodes fosse muito recente, ou seja, perto de sua extinção em massa, há cerca de 65 milhões de anos. Mas o chilessauro tem 145 milhões de anos, o que mostra que o modo de vida herbívoro surgiu na família do tiranossauro e do velociraptor muito antes do que se pensava.

Uma criança de sete anos descobriu o osso do dinossauro

“O chilessauro mostra quantas informações ainda desconhecemos sobre a diversificação precoce dos grandes grupos de dinossauros”, afirma Martín Ezcurra, pesquisador da Universidade de Birmingham (Reino Unido) e coautor do estudo. Trata-se do primeiro dinossauro completo do Jurássico já encontrado no Chile e um dos mais completos de todo o hemisfério Sul, ressalta Fernando Novas, do Museu Argentino de Ciências Naturais (MACN) e também um dos autores do trabalho.

Luis Alcalá, paleontólogo da Fundação Dinópolis, faz uma avaliação independente da descoberta. “Este dinossauro é um exemplo muito interessante da evolução em mosaico, com traços tão diferentes uns dos outros que no começo a equipe pensou ter achado vários tipos de dinossauros”, explica. “O mais surpreendente é que seja tão antigo”, diz. Os pesquisadores acham que o chilessauro era o dinossauro mais abundante nesta parte da Patagônia, região na qual é possível que tenha convivido com os ferozes predadores dos quais era parente.

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