PIB de 2014 revela uma economia estagnada e queda de investimento
Produção e consumo caem em ambiente de incerteza e desconfiança do setor empresarial
O PIB do Brasil cresceu 0,1% em 2014 contrariando as expectativas do mercado e do Banco Central, que esperavam uma retração da economia brasileira. O resultado é influenciado pela nova metodologia empregada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que passou a incorporar gastos bélicos e com pesquisa e desenvolvimento para a conta de investimento, por exemplo.
Apesar da variação não ter sido negativa, o resultado é inferior ao de 2013, revisado para cima em 2,7%, com a nova forma de calcular as riquezas do país. Em valores correntes (em reais), a soma das riquezas produzidas no ano passado chegou a 5,52 trilhões de reais e o PIB per capita (por pessoa), a 27.229 reais, uma queda de 0,7% em comparação com 2013, segundo informou o IBGE nesta sexta-feira. Em relação ao terceiro trimestre, o PIB do quarto trimestre de 2014 cresceu 0,3%
O crescimento de 2014 foi puxado pelos setores de serviços, que teve alta de 0,7% ao ano, e da agropecuária, que avançou 0,4%. Já a indústria mostrou queda de 1,2%, influenciada pela retração de 2,6% em construção civil e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana.
No caso de serviços, que teve a maior alta entre os setores, de 0,7%, o resultado foi influenciado pelos serviços de informação, atividades imobiliárias e transporte, entre outras.
O consumo das famílias brasileiras cresceu menos em 2014 – 0,9%, enquanto que em 2013 essa expansão havia sido de 2,9%. A massa salarial também cresceu 4,1%. "A massa salarial continua crescendo. Por outro lado, o crédito não está mais crescendo em termos reais, a Selic [taxa básica de juros] teve aumento e a inflação em 2014 foi mais alta do que em 2013", a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
A despesa do consumo do Governo, por sua vez, avançou 1,3%, mas desacelerou em relação a 2013 (2,2%). Foi o pior desempenho da administração pública desde 2000, quando houve queda de 0,2%.
Nova metodologia
Com a nova metodologia empregada pelo IBGE para as contas públicas, a taxa de investimento no ano de 2014 ficou em 19,7% do PIB, abaixo do observado em 2013 (20,5%).
A revisão de dados tem um efeito psicológico importante para o Governo Dilma neste segundo mandato turbulento, com a maré de más notícias na política e na economia. Até o Banco Central, em sua previsão mais recente, estimava uma retração na economia para 2014 de 0,1%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, em seu relatório de inflação do primeiro trimestre.O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), chamado de "prévia do PIB", também estimava uma contração de 0,15% para 2014.
Alguns indicadores, no entanto, como a taxa de poupança, mostram que o desafio brasileiro continua árduo. Ficou em 15,8% do PIB, ante 17,0% em 2013.
Investimentos tiveram pior desempenho em 16 anos
Em meio a um ambiente de queda de produção interna, baixa importação de bens de capital (máquinas e equipamentos) e um desempenho negativo da construção civil, os investimentos no país caíram 4,4% em 2014.
O resultado foi o pior desde 1999, quando havia sido registrada queda de 8,9%. Em 2013, a formação bruta de capital fixo, que representa os investimentos, tinham crescido 6,1%, segundo os dados das Contas Nacionais divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.
Na opinião do doutor em economia Reginaldo Nogueira, os dados refletem o ambiente de incertezas políticas e a queda da confiança do setor empresarial. "É importante notar como o último trimestre já apresentava uma retração de 5,8% nos investimentos, uma queda grande em relação ao ano anterior. O resultado teve forte influência do resultado das eleições e da piora na situação das contas do Brasil. Os investidores estão desconfiados ", explica.
A taxa de investimento sobre o Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 19,7%, inferior à de 2013, quando registrou 20,5%.
No setor externo, as exportações de bens de serviços caíram 1,1% e as importações de bens de serviço recuaram 1%, influenciando negativamente a indústria automotiva.
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