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FMI foi o pior ‘oráculo’ para a economia espanhola em 2014

Avanço real do PIB (1,4%) foi o dobro da previsão média dos grandes centros de análise

Alejandro Bolaños
Informações em Espanhol.
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Pouco a pouco, a economia espanhola embalou em 2014, após seis anos de recessão quase ininterrupta. E, paralelamente, os analistas de entidades financeiras, empresas, universidades e organismos nacionais e internacionais foram revisando para cima seus prognósticos sobre a evolução do país. Agora, olhando pelo retrovisor como faz a cada ano, o estudo Diana Esade, realizado por essa escola de administração madrilenha com base nas previsões de especialistas, revela que os primeiros prognósticos para 2014 pecaram por excesso de pessimismo. A previsão média era de um crescimento de 0,7%, mas o PIB espanhol encerrou o ano passado com uma expansão de 1,4%.

Das 24 instituições incluídas na Diana Esade, só o Centro de Estudos de Economia de Madrid (CEEM), da Universidade Rei Juan Carlos, prenunciava um crescimento superior a 1% – sua estimativa foi de 1,1%, apresentada no terceiro trimestre de 2013. Os especialistas da Fundação de Caixas Econômicas (Funcas), que tinham uma estimativa de 1%, e os do BBVA, Ceprede, Santander e Comissão Europeia (0,9%) também apareceram entre os menos pessimistas. No outro extremo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi a instituição que mais passou longe do alvo, ao prever estagnação econômica no ano (ou seja, crescimento de 0%).

O FMI foi a instituição que mais passou longe do alvo, ao prever estagnação econômica no ano

A Diana Esade sintetiza as previsões dos três últimos anos. O CEEM também encabeça essa classificação, com um desvio médio de apenas um ponto percentual ao longo dos três exercícios. Em seguida vêm os analistas do Santander e da entidade empresarial CEOE, ao passo que os órgãos oficiais (Governo, Banco da Espanha, OCDE, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) situam-se entre os menos precisos, em parte por fazerem seus prognósticos antes de outras instituições, no primeiro semestre do ano anterior, cerca de seis meses antes da Funcas, por exemplo.

Os três últimos anos oferecem um bom exemplo da dificuldade de fazer previsões. Os especialistas foram otimistas demais em 2012, quando os ajustes orçamentários e a crise da dívida na Europa voltaram a afetar a economia espanhola; acertaram em 2013 e se tornaram pessimistas no ano passado. Enrique Verdeguer, diretor do Esade em Madri, constata que “as maiores dificuldades nas previsões das instituições [acontecem] quando há mudanças na tendência”.

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A timidez dessas previsões é, assim como as contínuas revisões dos prognósticos para cima, um indício de que a recuperação do crescimento se fortaleceu. Assim, só nos anos anteriores à crise (entre 2004 e 2007) ocorria o que se deu em 2014: todos os analistas que a Diana Esade observa fizeram previsões abaixo do avanço real do PIB.

Também melhorou sensivelmente, embora ainda esteja altíssima, a taxa média de desemprego em 2014. Assim, se a Pesquisa de População Ativa determinou que 23,7% da população economicamente ativa estava desempregada no ano passado na Espanha, os centros de análise anteviam em média uma taxa de 26,1%. De novo, foram todos pessimistas, e o CEEM foi o que chegou mais perto (previu desemprego de 25,2%).

Em sua análise, Verdeguer destaca também que “nove entidades previram diminuições da taxa de desemprego, com a economia crescendo abaixo de 1,2%”. Ou seja, muitos especialistas de fato anteciparam, embora sem precisão, uma das relações que dominaram a economia espanhola na saída desta crise: a geração de empregos com um crescimento ainda muito modesto do PIB.

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