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Economista Thomas Piketty rejeita a maior condecoração da França

Autor do best-seller ‘O Capital no Século XXI’ critica o Governo socialista

Thomas Piketty. / Consuelo Bautista (EL PAÍS)
Thomas Piketty. / Consuelo Bautista (EL PAÍS)CONSUELO BAUTISTA

O economista francês Thomas Piketty (París, 1970), autor do sucesso de vendas O Capital no Século XXI, rejeitou nesta quinta-feira a Legião de Honra, a maior condecoração de seu país. “Não acho que corresponda a um Governo decidir o que é honorável”, declarou à agência France Presse para justificar a decisão. O acadêmico, bastante crítico da política de austeridade, se distanciou do Executivo socialista de François Hollande. Piketty acrescentou que o Governo empregaria melhor seu tempo se dedicando “à reativação (do crescimento econômico) na França e na Europa”.

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Piketty é um dos 691 nomes que figuravam na lista anunciada no Diário Oficial de 1 de janeiro de 2015. Ao lado de seu nome estavam, entre outros, o Prêmio Nobel de Economia de 2014, Jean Tirole, e o de Literatura, Patrick Modiano, bem como uma enfermeira da Médicos sem Fronteiras contagiada pelo vírus do ebola, que pôde ser curada, e o matemático brasileiro Artur Ávila, que recebeu em 2014 a medalha Fields. A nomeação de Piketty foi iniciativa da secretária de Estado encarregada do Ensino Superior e da Pesquisa, Geneviève Fioraso, que quis prestar homenagem “ao trabalho de pesquisa de excelência”, com ressonância internacional do economista.

Com seu rechaço, Piketty, que em 2012 apoiou a candidatura do agora presidente socialista François Hollande, confirma seu distanciamento do Executivo.

O diretor de estudos da Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais (EHESS) de Paris é particularmente crítico do abandono por parte de Hollande de seu grande projeto de reforma fiscal para um imposto mais progressivo. A ruptura definitiva foi confirmada com a nomeação em março de Manuel Valls para primeiro-ministro depois da guinada social-democrata de Hollande. “Acho que há um grau de improvisação na política fiscal e na política econômica de François Hollande que causa consternação”, declarou em junho ao diário Le Monde.

Piketty se transformou em 2014 em um verdadeiro fenômeno, graças à sua obra na qual argumenta sobre a tendência do capitalismo à concentração da riqueza

Piketty se transformou em 2014 em um verdadeiro fenômeno, graças à sua obra na qual argumenta sobre a tendência do capitalismo à concentração da riqueza, a qual vendeu mais de um milhão e meio de exemplares em todo o mundo. Encontrou eco especial nos Estados Unidos, onde foi recebido por conselheiros do presidente Barack Obama.

Ele se insere numa longa lista de personalidades que em outras épocas também se negaram a receber essa distinção, como Jean-Paul Sartre, Claude Monet e Albert Camus. Há dois anos foi o cartunista Jacques Tardi quem rejeitou “com a maior firmeza” o galardão, para poder “continuar sendo um homem livre e não ser refém de nenhum tipo de poder”.

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