Crise da água em São Paulo chega ao Palácio do Planalto
Alckmin diz a Dilma Rousseff que precisa de 3,5 bilhões de reais para combater a seca Segundo ministra, repasses serão estudados com base no detalhamento de projetos


Passada a temporada eleitoral, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi à presidenta Dilma Rousseff tratar da crise hídrica do Estado nesta segunda-feira. Do tucano, a presidenta petista ouviu que o problema, que atinge drasticamente a maior metrópole do país há meses, precisa de 3,5 bilhões de reais para ser resolvido e recebeu um plano de oito "grandes obras" para tentar lidar com a seca na região. Entre as alternativas sugeridas por Alckmin estão a interligação de represas e reservatórios na região de Campinas e a criação de duas estações de produção de água. “Tivemos uma boa conversa sobre a possibilidade de [receber] recursos do Tesouro ou financiamento”, disse Alckmin ao sair do encontro.
O governador tucano informou que um grupo de trabalho foi criado para que a União e o Governo de São Paulo discutam como viabilizar os repasses, e a primeira reunião do grupo já tem data: a próxima segunda-feira, dia 17. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, não confirmou se o Governo federal vai repassar toda a verba pleiteada por São Paulo e disse que o valor vai depender de estudos a partir de detalhamentos das obras propostas, a serem apresentados na reunião acordada nesta segunda-feira. “Se, nessa conversa direta, estiver clara a importância dessas obras, poderemos até apoiar tudo, mas isso vai depender dessa discussão”, disse Belchior.
Segundo a ministra, algumas das obras sugeridas pelo governador tucano ainda nem têm projeto, o que significa que “o desembolso não é de curtíssimo prazo”. Belchior disse ainda que a presidenta Rousseff “viu com bons olhos o conjunto das obras” apresentado por Alckmin, mas ressalvou que será preciso “uma conversa mais aprofundada para que ela [Rousseff] bata o martelo no que o governo federal ajudará São Paulo”.
A falta de água em São Paulo afeta mais de 15 milhões de pessoas (38% da população do Estado) espalhadas por 70 municípios. Nesta segunda-feira, após um domingo sem chuvas, o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento na Grande São Paulo, voltou a registrar queda, de acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), passando de 11,4%, para 11,3% da capacidade, já contando o segundo volume morto. Ainda assim, Alckmin voltou a negar a possibilidade de racionamento. “Não há esse risco. Nós já temos repetido isso desde o início do ano, nós temos em São Paulo um sistema extremamente forte, e nós nem entramos na segunda reserva técnica do Cantareira”, disse.
Confrontado por jornalistas sobre uma possível mudança de posição na relação com o Governo federal após o período eleitoral, o governador negou que tenha alterado a forma de tratar do tema e disse que a questão da água de São Paulo vem sendo discutida com o Governo Dilma “desde o ano passado”. “É nosso dever, numa república federativa, como é o Brasil, trabalharmos juntos e sermos parceiros. O dinheiro é do contribuinte. A realidade é que nós já temos, através da Sabesp e da Caixa Econômica Federal, inúmeros financiamentos. A Sabesp tem uma capacidade de investimento grande, a parceria não é novidade”, defendeu.
A reunião desta segunda-feira marca mais um dos raros encontros entre Alckmin e Rousseff. A última vez que os dois estiveram juntos como representantes de governos foi em janeiro de 2012, quando ambos anunciaram uma parceria entre a Caixa Econômica Federal e o Governo de São Paulo no âmbito do programa Minha Casa Minha Vida. No ano anterior, a presidenta esteve duas vezes com o governador tucano em São Paulo, primeiro em agosto, para lançar uma versão do plano Brasil Sem Miséria para a região Sudeste, e depois em setembro, quando os dois lançaram a pedra fundamental do estaleiro Rio Tietê e anunciaram a liberação de 1,7 bilhão de reais do Governo federal, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para o trecho norte do Rodoanel. Naquela ocasião, Alckmin chegou a enaltecer a postura "republicana" de Rousseff.
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