PIB europeu sobe 3,7% devido a drogas, armas e prostituição
A revisão da metodologia para calcular a riqueza incorpora atividades ilegais
As estatísticas são miragens organizadas. Em meio à pior crise desde o pós-guerra, a agência europeia de estatística, Eurostat, anunciou nesta sexta-feira que o PIB da União Europeia aumentou 3,7% depois da introdução de “mudanças metodológicas” e de “melhorias estatísticas” e passou a incluir atividades ilegais como o tráfico de drogas e a prostituição. O PIB da Zona do Euro cresce assim artificialmente 3,3%. E o espanhol, 3,3% (o oitavo mais elevado), segundo os números da Eurostat, que registram grandes alterações no caso de Chipre (9,5% a mais, devido aos “grandes movimentos de população”) e a Holanda (7,6% a mais pela incorporação de novas fontes de dados). Há economias que perdem riqueza, como Luxemburgo e Letônia. Os Estados Unidos fizeram algo parecido em 2012, e revisaram seu PIB para cima em 3,6%; o Canadá e a Austrália aplicaram também as novas normas com resultados semelhantes.
As duas principais mudanças metodológicas introduzidas são a contabilização dos gastos em pesquisa e desenvolvimento como investimento e a contabilização de gastos armamentistas também como investimento.
O ano de 2010 é a base escolhida pela Eurostat para aplicar as novas regras estatísticas que a Comissão Europeia obriga a utilizar desde este mês de setembro. A Espanha, como outros países da UE, aproveita essa mudança para incorporar a medição das atividades ilegais, algo que antes era uma recomendação e passa agora também a ser obrigatória. No caso espanhol, as variações estatísticas, apesar de incorporarem riqueza, estão cada vez mais próximas de dizer que a Espanha sofreu cinco anos de recessão. No caso da União e da Zona do Euro, os perfis da recessão praticamente não foram afetados: continua havendo duas recessões, em 2009 e 2012, com uma nova queda batendo às portas do euro depois dos últimos dados. A modificação das taxas de crescimento do PIB são “muito frágeis”, segundo a Eurostat: “No período de 1997 a 2013, a variação das taxas de crescimento se estabeleceu em torno de 0,1 ponto percentual tanto para a Zona do Euro como para a União Europeia”.
As mudanças afetarão também os cálculos do déficit público e a dívida pública, essenciais para cumprir os objetivos e exigir ou não novos cortes, ainda que o impacto sobre essas duas variáveis ainda não seja conhecido.
O impacto sobre o PIB da UE, de 3,67%, é imputável em sua maioria a mudanças metodológicas (2,27%); o 1,4% restante, a melhorias nas estatísticas. No caso espanhol, do aumento total (+3,3%), 1,7% corresponde à mudança estatística e 1,6% à mudança metodológica (fundamentalmente a nova imputação dos gastos em Pesquisa e Desenvolvimento (+1,2%).
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