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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Sintonia compostelhana

Merkel e Rajoy concordam em levar De Guindos ao Eurogrupo e manter a austeridade

Em seu encontro compostelhano, a chanceler Angela Merkel, que buscava o apoio do presidente espanhol Mariano Rajoy para equilibrar as pressões da França e da Itália, ambos com Governos de centro-esquerda, contra as políticas de austeridade irradiadas de Berlim, se comprometeu a usar sua influência para satisfazer à demanda do presidente de Governo espanhol de que seu ministro da Economia, Luis de Guindos, seja nomeado presidente do Eurogrupo. Faz sentido, já que se trata do principal responsável pela aplicação na Espanha da política promovida por ela, e cujos resultados ela tanto enalteceu ontem.

Rajoy, depois desses elogios à gestão de seu ministro, não teve de se preocupar com uma remodelação de seu Governo que teria lugar com a substituição do ministro da Economia porque, em princípio, não há incompatibilidade entre ambos os postos. Merkel não quis se comprometer, porém, com o possível destino do ex-ministro da Agricultura Miguel Arias Cañete, como titular de uma pasta econômica de peso na Comissão Europeia. Talvez pelas resistências que possa suscitar a recordação de seu torpe comentário sobre as mulheres na campanha das eleições europeias.

A presença de representantes espanhóis em cargos de responsabilidade da UE não é uma questão menor, e se torna demagógico contrapor o esforço do Governo em favor dessa presença com outras prioridades, como a recuperação econômica ou o emprego. Coisa diferente são as políticas que serão desempenhadas nessas instituições. O novo líder do Partido Socialista Trabalhista Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, convidou Rajoy, um dia antes de seu encontro com Merkel, a transmitir a ela seu decálogo de medidas econômicas para corrigir o rumo negativo da União Europeia nos últimos anos.

À parte a encenação, como também a contraprogramação, e a sua comparação, algo exagerada, com o Plano Marshall do pós-guerra europeu, o pacto “pela competitividade, o emprego e a coesão social” tem a coragem de sintetizar as propostas que os setores críticos da austeridade a qualquer preço vêm defendendo nos últimos meses: um plano de emprego juvenil mais ambicioso e mais bem dotado do que o aprovado, uma política energética comum, defesa de políticas de igualdade, depreciação do euro para favorecer as exportações, luta contra os paraísos fiscais.... E se conecta com declarações bem recentes do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, em favor de uma modulação da política econômica até agora seguida, dando maior peso à política fiscal e orçamentária e, em particular, ao investimento público para estimular o crescimento.

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