_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Presidente Erdogan

O líder turco deve cumprir sua promessa de fortalecer a democracia a partir de seu novo cargo

Confirmando as expectativas das pesquisas, Recep Tayyip Erdogan conquistou no primeiro turno – com 52% dos votos, apesar de ainda não terem sido divulgados os dados definitivos – a presidência da Turquia, na primeira vez em que o cargo é eleito pelo voto popular. Erdogan, que deixa o cargo de primeiro-ministro, que ocupa desde 2003 e que a Constituição impedia de tentar a reeleição como chefe de Governo, culmina assim uma ininterrupta sucessão de vitórias eleitorais, devidas fundamentalmente a suas indiscutíveis conquistas econômicas.

O triunfo de Erdogan, claro favorito do voto conservador e religioso, não teria maior alcance em uma presidência cerimonial, como é agora. Mas o líder turco, de ambição ilimitada, pretende reformar a Constituição para fazer de seu novo cargo o verdadeiro motor político do regime. Um esboço do partido neoislâmico governante Justiça e Desenvolvimento – que, por enquanto, não possui os 2/3 dos deputados necessários para a mudança – contempla para a chefia do Estado prerrogativas como a dissolução do Parlamento ou a nomeação de ministros.

A intenção de Erdogan de criar um sistema presidencialista é ainda mais inquietante por causa de sua trajetória nos últimos anos. Erdogan, cujas conquistas devem incluir a retirada de milhões de turcos da pobreza e o controle de generais propensos ao golpismo, se converteu paulatinamente em um líder criador de divisões e autoritário, que afastou a Turquia de suas ambições de integração à Europa.

A concepção excludente do poder do presidente eleito levou ao progressivo esvaziamento democrático das frágeis instituições turcas. Erdogan não vacilou em desativar as investigações de corrupção contra sua família e seus mais estreitos colaboradores, em denunciar conspirações de todo tipo, fazer expurgos na polícia, entre promotores e juízes, pressionar jornais, encarcerar jornalistas e até censurar a internet. Ocupando com gente leal cada espaço do aparelho estatal, acentuou o perfil islâmico de um Estado nominalmente laico.

Na primeira mensagem depois de sua vitória no domingo, Erdogan escolheu um incomum tom conciliador para assegurar que fortalecerá o sistema democrático e será o presidente dos 77 milhões de turcos. Se isso for verdade, certamente seria um benefício para a Turquia, um estratégico aliado ocidental em uma encruzilhada geopolítica decisiva.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_