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Fiat deixa a Itália e se muda para Wall Street

As ações do grupo serão vendidas em Nova York, sua sede física será na Holanda e a fiscal, no Reino Unido O regulador de valores mobiliários suspendia a cotação da empresa quando caía mais de 6%

Um carro Fiat durante a Copa de 2006 em Frankfurt.
Um carro Fiat durante a Copa de 2006 em Frankfurt.MIRO KUZMANOVIC (REUTERS)

A Fiat, símbolo por excelência da indústria italiana, deu nesta quarta-feira um importante golpe na  imagem do que tem sido seu país durante 115, anos ao renunciar o seu DNA italiano. O grupo automobilístico confirmou seus planos de se mudar para Wall Street, Londres e Haia. A reestruturação afetará a toda a empresa, desde o nome até a sede fiscal, embora as fábricas na Itália serão mantidas.

A decisão de se mudar era uma opção que se cogitava há alguns meses como uma consequência da tomada de controle por parte de Fiat de 100% de Chrysler, que a partir de agora se une ao nome do grupo. A nova terminologia é Fiat Chrysler Automobile. A nova sociedade, cuja sede estará nos Países Baixos e espera contar com domicílio fiscal britânico, levará a cabo a negociação principal de suas ações na Bolsa de Nova York, enquanto manterá uma cotação secundária no mercado eletrônico da Bolsa de Milão.

Na conferência com analistas na qual comentou os resultados, o presidente executivo, Sérgio Marchionni, tratou de dar mais detalhes do plano, que será apresentado em maio. O que se dá por certp é que a marca manterá o centro de desenvolvimento em Turim e o resto das plantas de produção na Itália. John Elkann, presidente da Fiat, defendeu que, com este movimento, se cria "um autêntico competidor global no setor", já que a combinação de ambas empresas dará origem ao sétimo maior fabricante da indústria automotiva.

A empresa, segundo anunciou também nesta terça-feira, fechou 2013 com um lucro líquido de 1.951 bilhão de euros, o que supõe uma melhoria de 118% em relação aos ganhos do exercício anterior. A peça-chave destes resultados foi, precisamente, a contribuição da norte-americana Chrysler. Sem ter em conta a contribuição do fabricante de Detroit, seu resultado anual arrojaria perdas de 441 milhões, 60% abaixo dos números vermelhos de um ano atrás.

No ano passado, o terceiro fabricante de Detroit registrou um benefício de 1.820 bilhão de dólares, 9% a mais que em todo 2012. Desse total, 660 milhões correspondem ao quarto trimestre, neste caso um incremento de 75%. O grupo norte-americano faturou 72.140 bilhões, 10% a mais que no ano anterior.

A Fiat conseguiu melhorar em 5,2% seu faturamento na América do Norte:
EUA, Canadá e México.

O benefício anual é ainda maior se se têm em conta os 960 milhões em retornos fiscais, com o que eleva em 60% o ganho anual em relação a 2012, até os 2.760 bilhões. Sérgio Marchionne, seu conselheiro maior, põe assim números a sua grande aposta para fazer do grupo Fiat uma companhia global. A companhia dispõe neste momento de 13.300 bilhões em dinheiro.

Marchionne conseguiu além disso um acordo no dia primeiro de janeiro com o sindicato do automóvel nos EUA para fazer com o controle total da Chrysler e poder integrar assim a companhia na Fiat para que operem como uma unidade. A estrutura de propriedade unificada, assinalou então o executivo italiano, permitirá que o fabricante da Alfa Romeo opere como uma companhia global.

O objetivo é poder competir com a General Motors, Ford Motors, Toyota e Volkswagen. O grupo Chrysler vendeu 2,56 milhões de carros em todo mundo mas seu negócio se concentra nos EUA e Canadá, onde melhorou as vendas em 14% graças a modelos como o Jepp Grand Cherokke ou a camionete Ram Dodge. Fora do mercado norte-americano vendeu 309.000 unidades.

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