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Primeiro-ministro espanhol busca acolher Temer

Durante encontro bilateral, Mariano Rajoy convida Temer para visita oficial ao país

Javier Casqueiro
Michel Temer e Mariano Rajoy durante encontro bilateral realizado em 5 de setembro na cidade chinesa de Hangzhou
Michel Temer e Mariano Rajoy durante encontro bilateral realizado em 5 de setembro na cidade chinesa de HangzhouJuan Carlos Hidalgo (EFE)

Mariano Rajoy e Michel Temer estreitaram laços e trocaram convites para visitas recíprocas durante a recente reunião do G-20, realizada na China. O primeiro-ministro espanhol em exercício apressou-se, dessa forma, em acolher o novo chefe de Estado e do Governo brasileiro, confirmado no cargo depois da destituição de Dilma Rousseff pelo parlamento.

O novo presidente do Brasil encontrou resistências por parte de outros líderes para a realização de encontros bilaterais, dada a maneira como chegou ao poder após a destituição de sua antecessora, de quem era o vice. Em Hangzhou, ele se reuniu face a face com os primeiros-ministros do Japão, Shinzo Abe, e da Itália, Matteo Renzi.

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Embora nos outros casos tenha sido feito um registro fotográfico, somente no caso de Rajoy houve uma pose formal, com as bandeiras nacionais ao fundo e as equipes dos dois mandatários. Além da pose inicial com o anfitrião, o presidente chinês Xi Jinping, esse foi o maior gesto de apoio que o novo presidente do Brasil, contra quem se multiplicam as manifestações pelas ruas do país, poderia ter recebido.

Além de Rajoy, o presidente brasileiro convidou também o rei Felipe VI para uma visita oficial ao Brasil. Rajoy e Temer conversaram também a respeito da nova situação que se abre na Colômbia após a assinatura do acordo de paz entre o Governo e a guerrilha das FARC, bem como sobre a tensão política e institucional vigente na Venezuela. Fontes da comitiva espanhola informam que os mandatários também trocaram opiniões sobre a situação política em seus respectivos países.

O líder espanhol expôs a seu colega os dados referentes às eleições na Espanha em 20 de dezembro passado, assim como em 26 de junho, relatando, igualmente, como se deu o posterior bloqueio à formação de um governo pleno, situação que se arrasta há quase um ano. Expos, também, a sua visão sobre o que aconteceu na semana passada no Congresso, quando sua investidura não prosperou, e relatou como andam as negociações em curso para destravar a paralisia política antes que se torne incontornável a convocação de uma terceira eleição em 31 de outubro.

Michel Temer e Xi Jinping, na reunião do G-20
Michel Temer e Xi Jinping, na reunião do G-20J. C. Hidalgo (EFE)

Ainda de acordo com fontes do palácio de La Moncloa, Temer relatou a Rajoy o que está acontecendo no Brasil e como se deu a decisão final do Senado no processo de destituição da ex-presidente Rousseff.

O dirigente brasileiro evitou conversas políticas como essa com outros líderes, mas recebeu congratulações de muitos deles, como o presidente chinês, Xi Jinping, pela “fantástica e bem-sucedida” realização dos Jogos Olímpicos e pela estreia como líder de seu país em uma reunião do G-20.

“O encontro me pareceu positivo sob todos os aspectos”, declarou Temer, mais tarde, à imprensa de seu país, segundo a agência espanhola EFE, principalmente “do ponto de vista do reconhecimento e das homenagens prestadas ao Brasil por parte de todos os participantes”.

“Toda vez que eu entrava em uma sala conversando com alguém, eram muitos os cumprimentos ao Brasil”, disse.

Rajoy e Temer falaram também a respeito das perspectivas econômicas de seus países e de suas regiões. Assim como sobre as relações bilaterais, tanto políticas quanto econômicas e empresariais, marcadas por inúmeros interesses em comum. O Brasil é o terceiro país com maior presença de investimento por parte da Espanha, e grandes empresas como o Santander ou a Repsol possuem interesses nesse país.

O primeiro-ministro espanhol convidou Temer a visitar a Espanha e o brasileiro fez o mesmo, tanto para Rajoy como para o Rei da Espanha. Fontes de La Moncloa afirmam, porém, que, de todo modo, essas visitas não se concretizarão em curto prazo, podendo levar cerca de seis meses para isso.

Os dois mandatários aproveitaram o encontro na China para abordar outras questões da região e da América Latina que afetam diretamente os dois países, como o novo cenário aberto na Colômbia com o acordo de paz entre o Governo e a guerrilha das FARC, que deve ser aprovado pela população em referendo marcado para outubro. Comentaram, também, a situação tensa e conflitiva em vigor já há algum tempo na Venezuela com a reivindicação da realização de um referendo revogatório contra o presidente do país, Nicolás Maduro, e as manifestações da oposição nas ruas.

Rajoy aproveitou a reunião do G-20 na China para realizar encontros bilaterais também com oo presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e da China, Xi Jinping.

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