Empresários pedem “impeachment já” em dia de alta recorde da Bolsa
Fiesp faz manifesto pela saída de Dilma. CNI qualifica cenário atual de “espetáculo deprimente” e afirma que é hora de “um basta”
Uma reunião convocada de urgência na quarta-feira pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo indicava a seus associados que o assunto a ser tratado levava em conta a notícia do dia. A presidenta anunciara que Lula passaria a integrar o seu Governo como ministro da Casa Civil, o que poderia embaralhar o jogo do impeachment de Dilma. A federação, porém, assumiu um papel central na briga para derrubar a presidenta desde o ano passado, alegando que a falta de “bom senso” da presidenta para desatar a crise política paralisou o país e trouxe o caos para a economia.
No encontro de seus associados na tarde de quinta, chegou-se a cogitar um movimento de locaute, ou seja, as empresas acertariam um dia para cruzar os braços, como instrumento de pressão para acelerar a queda de Dilma. Mas ficou combinado que lançariam uma campanha pelo “Impeachment já”. “Assinamos um manifesto junto com outras entidades em apoio à destituição de Dilma pois o Brasil está à deriva”, afirma Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que esteve presente no encontro. “Os últimos fatos demonstram com muita clareza que chegou a hora de o Congresso Nacional tomar a atitude que lhe cabe”, completa, em referência à comissão de impeachment que acaba de ser instalada.
Os donos do dinheiro, que já foram grandes apoiadores do PT no passado, hoje não escondem a urgência de ver Dilma fora do Governo. Nesta quinta, ao mesmo tempo em que a comissão de impeachment era instalada no Congresso – e a nomeação de Lula ministro era suspensa por pedido de um juiz – , a bolsa de Valores teve a maior alta desde 2009, enquanto o dólar caía, revelando a euforia dos investidores com uma luz no fim do túnel escuro da crise política.
A Fiesp assumiu uma postura radical para encontrar o atalho para a crise, e usa todos os recursos disponíveis para tirar a presidenta do Palácio do Planalto, aproveitando sua localização privilegiada, no coração da avenida Paulista, ponto de encontro dos manifestantes anti-PT. A mais recente cartada de Dilma, de atrair o ex-presidente para o seu Governo, gerou uma reação imediata na Fiesp. Poucas horas depois do nome de Lula ter sido anunciado oficialmente como novo ministro, o prédio da Federação mandava seu recado por meio de uma faixa ousada: “Renúncia Já”, lia-se de alto a baixo do edifício, para delírio dos manifestantes que voltaram à Paulista protestar contra a nomeação de Lula. Nesta quinta, anúncios de página inteira em todos os jornais estampavam o mesmo slogan.
Os patos de borracha gigantes vistos no mundo inteiro, em meio à multidão na avenida no último dia 13 também foram patrocinados pela federação. Integram a campanha “Não vou pagar o pato”, que rejeita a criação de novos impostos, como desejava o Governo Dilma.
O presidente da entidade, Paulo Skaf, foi um dos primeiros a dizer publicamente ser favorável ao impeachment no ano passado. Antigo aliado da presidenta em seu primeiro mandato – e de Lula durante seus oito anos no poder –, e ex-candidato a governador em São Paulo pelo PMDB, Skaf tem ligação estreita com o vice-presidente, Michel Temer. O apoio à saída rápida de Dilma garantiria a Temer assumir o comando do país pelo menos até 2018. Para acelerar a solução, Skaf se aliou aos movimentos de rua anti-Dilma como o Vem pra Rua.
A Confederação Nacional da Indústria, por outro lado, que representa as empresas de todo o país, adotou um tom um pouco mais ameno, embora tão alarmista quanto a Fiesp. Em nota divulgada à imprensa, a entidade manifestam sua “extrema preocupação com o agravamento da crise política e econômica que o Brasil atravessa”. “Os empresários, assim como todos os brasileiros, estão perplexos diante da grave deterioração do cenário político, que submete o país a uma situação sem precedentes em sua história recente.”
A CNI qualifica de “espetáculo deprimente” a política brasileira atual e afirma que já passou da hora de dar “um basta” ao atual impasse. Embora não diga textualmente que apoia a saída da presidenta, a carta tem um tom mais forte que o costumeiro para os padrões da entidade.
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