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Banksy denuncia operação policial em campo de refugiados francês

O artista pinta um grafite em frente à embaixada francesa em Londres para denunciar agressão policial na chamada Selva de Calais

O novo grafite de Banksy, em frente à embaixada da França em Londres.Foto: reuters_live
Pablo Guimón
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Banksy é um astro da arte de rua, uma verdadeira lenda da cultura popular de quem pouco se conhece além da obra, que começou a surgir nos muros de Bristol nos anos 80. Suas ações têm, hoje, uma repercussão mundial, mesmo que a obra permaneça apenas alguns dias no muro, como no caso da sua mais recente intervenção. A Internet dotou o grafite — uma arte efêmera por excelência — de imortalidade. E a Cosette, protagonista de Os Miseráveis, que chora por causa da nuvem tóxica proveniente de uma lata com gás lacrimogêneo aberta no chão, alimenta ainda mais o mito do artista, mesmo que vários operários municipais tenham ocultado suas lágrimas com tapumes na manhã desta segunda-feira.

A localização da obra, bem em frente à embaixada da França em Londres, dá uma ideia da mensagem de protesto que o misterioso grafiteiro procurou lançar. Para não deixar nenhuma margem a dúvidas, o artista desenhou ao lado de Cosette um código QR, coisa que não havia feito até agora e que dota o trabalho de um caráter interativo: escaneado com um smartphone, o código abre um vídeo de uma operação policial realizada no último dia 5 de janeiro na Selva de Calais, o campo de refugiados localizado junto à localidade fronteiriça de Calais, em que os agentes franceses parecem utilizar gás lacrimogêneo contra os que buscam por asilo na Europa.

Um homem cobre hoje com uma tábua de madeira o grafiti de Banksy ante a Embaixada da França em Londres.
Um homem cobre hoje com uma tábua de madeira o grafiti de Banksy ante a Embaixada da França em Londres.Yui Mok (AP)

Essa operação foi realizada depois que as autoridades francesas procuraram demolir uma parte do campo, considerada insegura, e desalojar cerca de 1.500 refugiados que vivem ali, a duras penas, desde o começo da crise que levou milhares de migrantes, sobretudo sírios, a abandonar suas casas em busca de asilo na Europa.

Trata-se da mais recente obra de uma série de grafites de Banksy denunciando a administração da crise dos refugiados pelas autoridades europeias. Duas semanas atrás, o artista pintou na parede de um túnel do campo de refugiados um mural no qual aparecia Steve Jobs, o fundador da Apple, com uma trouxa no ombro e uma tela de computador na mão. Jobs, um dos empresários mais bem-sucedidos e respeitados das últimas décadas, era filho de imigrantes sírios. A Apple, diz Banksy em uma declaração que acompanha a obra, só existe “porque permitiram a entrada de um jovem de Homs”.

As autoridades locais protegeram o grafite de Jobs com uma placa de vidro, mas não conseguiram evitar que fosse vandalizado na semana passada nem que, antes disso, um homem tivesse instalado a sua barraca junto ao mural, passando a cobrar cinco euros de quem quisesse vê-lo.

Banksy, que também deixou sua marca no muro que cerca a faixa de Gaza e em um edifício destruído pelo furacão Katrina nos Estados Unidos, deixou mais obras na Selva de Calais. Perto da praia, ele pintou um menino olhando para o Reino Unido com um urubu pousado sobre o seu binóculo, e reinterpretou A balsa da Medusa, famosa obra do pintor francês Théodore Géricault exposta no Louvre de Paris: na versão de Banksy, a embarcação, lotada de migrantes, tenta desesperadamente chamar a atenção de um luxuoso iate. Além disso, o artista mandou para o campo de refugiados de Calais, para que servisse de abrigo, uma parte das estruturas de Dismaland, a paródia dos parques de diversões que ele manteve em funcionamento durante o verão passado em Weston-super-Mare, no oeste da Inglaterra.

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