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Dólar chega a 4,16 reais, a maior cotação desde a criação da moeda em 94

Decisão do Banco Central de manter a taxa de juros inalterada estressou o mercado financeiro

Clientes com notas de dólar no Rio.
Clientes com notas de dólar no Rio.V. A. (AFP)

A decisão do Banco Central do Brasil de manter a taxa de juros inalterada  estressou o mercado financeiro na quinta-feira. O dólar subiu quase 1,5% em relação ao real e fechou cotado a 4,16, o maior valor da história do Plano Real, de 1994. Antes, o recorde havia sido de 4,14 reais, em setembro do ano passado. Já nesta sexta-feira, com a recuperação dos preços do petróleo, a moeda norte-americana caiu mais de 1% e se afastou da máxima histórica registrada na véspera. Por volta do meio-dia, o dólar era cotado a 4,12 reais, registrando um recuo de 1,3%,

Na terça-feira, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, indicou, por meio de nota, que a revisão da expectativa do FMI para a contração do PIB brasileiro deste ano, de 1,0% para 3,5%, seria considerada na decisão sobre a taxa de juros. Até então, o BC vinha dando sinais de que elevaria a taxa Selic e essa era a expectativa do mercado. Ao justificar a estabilidade na taxa, o Banco Central atribuiu a manutenção do juros em 14,5% "principalmente" às turbulências internacionais. Foi a senha para que as especulações sobre a ascendência política do Governo na instituição crescessem.

"Talvez a decisão de manter os juros até seja correta, talvez a política monetária não consiga mais conter inflação. Mas a o jeito que foi feito não foi sábio. Foi uma comunicação equivocada. Mostrou que a política monetária foi contaminada por questões políticas, deu a sensação que ele conversou com o Governo", opina o economista André Perfeito, da Gradual Investimentos.

As incertezas sobre a política monetária brasileira e autonomia do BC fizeram o mercado intensificar a demanda pela moeda norte-americana. Na abertura das negociações nesta quinta-feira, o dólar chegou a ser cotado a 4,17 reais.

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Peso no bolso do brasileiro

Nem mesmo a recuperação dos mercados mundiais puxada pela recuperação do preço do petróleo foi suficiente para recompor o real. A alta do dólar que, segundo os analistas ouvidos pela EFE não deve baixar do patamar de 4 reais no curto prazo, vai ser inevitavelmente sentida no bolso dos brasileiros. Apesar do impacto mais visível ser no preço de viagens e em produtos importados, vários itens do dia a dia, desde o pãozinho do café da manhã à carne do almoço, serão afetados.

Alimentos à base de trigo já vêm subindo desde o ano passado, quando o dólar ultrapassou a barreira dos 3 reais, já que cerca da metade da farinha usada no Brasil é importada. Com a desvalorização do real, alguns produtos, como a carne, também ficam mais competitivos lá fora e torna-se mais vantajoso exportá-los. Assim, o produtor prefere vender para o mercado externo, reduzindo a oferta aqui dentro. Com menos mercadoria para vender localmente, o preço sobe.

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