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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Obama contra o pessimismo

Presidente desmonta o catastrofismo republicano sobre o futuro dos EUA

Barack Obama acertou ao fazer, na terça-feira, do seu último discurso sobre o Estado da União — o mais solene que pronunciam anualmente os presidentes dos EUA no Congresso —, um arrazoado a favor da esperança e de encarar o futuro sem medo.

Barack Obama saúda o Congresso depois de finalizar seu discurso sobre o estado da União.
Barack Obama saúda o Congresso depois de finalizar seu discurso sobre o estado da União.POOL (REUTERS)
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A insistente mensagem alarmista à qual está sendo submetido o eleitorado por parte da excêntrica liderança republicana — especialmente o pré-candidato à presidência Donald Trump — teve uma relevante contestação de um presidente que, embora politicamente diminuído em seu último ano de mandato, voltou a demonstrar no Capitólio suas habilidades de oratória.

Diante dos deputados e senadores reunidos em sessão conjunta, Obama rebateu as visões catastrofistas. Seu apelo à necessidade de injetar civismo no discurso público acerta plenamente no alvo de uma doença — o populismo político — que contamina em graus variados a política norte-americana e europeia. É uma mensagem perfeitamente aplicável a ambos os lados do Atlântico.

As novas situações também colocam novos desafios e problemas que criam ansiedade e preocupação na sociedade, mas as soluções não passam por respostas demagógicas, romper as regras do jogo ou fazer com que as democracias renunciem aos princípios nos quais se baseiam. Uma profunda e prolongada crise econômica — cuja frágil recuperação não atingiu todos os estratos sociais —, a ameaça do terrorismo jihadista ou o desafio dos maciços fluxos migratórios não são obstáculos intransponíveis capazes de justificar a ruptura com os valores que garantiram as liberdades. E a retórica apocalíptica não é certamente a melhor atitude para enfrentar essas realidades.

Isso é o que lembrou aos norte-americanos Obama, ao qual restam apenas mais alguns meses na Casa Branca e que, portanto, merece a credibilidade de quem já não precisa cortejar nenhum eleitorado.

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