Nos EUA, Lewandowski chama caso Petrobras de “revolucionário”
“O Poder Judiciário está cuidando dos escândalos”, disse o presidente do STF
Longe da novela diária sobre a crise política brasileira, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, procurou contextualizar a situação na segunda-feira, nos Estados Unidos. “O que está acontecendo agora eu diria que é uma revolução, porque o Poder Judiciário está cuidando dos escândalos, então eu não tenho nenhuma dúvida de que tudo virá à tona, virá à luz”, disse Lewandowski sobre o caso Petrobras em uma cerimônia em Washington.
Suas palavras chegam uma semana depois de o Supremo Tribunal Federal aprofundar o terremoto político que sacode o Brasil. O STF deteve a estratégia que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, havia urdido com a oposição para levar adiante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Três magistrados do Supremo emitiram uma liminar que impede que, se o presidente da Câmara dos Deputados rejeitar um pedido de impeachment contra Dilma, a oposição possa recorrer dessa rejeição para que o impeachment seja diretamente submetido à votação por maioria simples dos deputados. Os juízes justificaram a sua decisão em uma lei de 1950 que estabelece que o pedido de destituição missão só deva ser conduzido pelo presidente da Câmara e a partir de razões estritamente jurídicas.
Redução drástica de partidos
No colóquio, o presidente do STF considerou que a reforma política tem que ser a "mãe de todas as reformas" no Brasil. O jurista lamentou que haja 32 partidos políticos no Congresso brasileiro e esgrimiu que os países democráticos não costumam ter mais de cinco. "Penso que isso é suficiente", disse.
Lewandowski reconheceu a dificuldade de impulsionar uma reforma política, mas alegou que a redução do número de formações seria um passo necessário para melhorar o processo legislativo. O Supremo declarou recentemente inconstitucional o financiamento de campanhas eleitorais por parte de empresas privadas.
Lewandowski evitou avaliar a fundo o imbróglio político na segunda-feira, mas deu algumas pinceladas. Em um colóquio no Diálogo Interamericano, um laboratório de ideias na capital dos EUA, o presidente do Supremo argumentou que os juízes brasileiros são “absolutamente independentes” e que ninguém está interferindo na investigação de corrupção na Petrobras.
O caso da empresa petrolífera estatal afeta cerca de vinte empresas privadas e aproximadamente sessenta políticos, incluindo Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros. O escândalo também coloca numa situação embaraçosa a presidenta Dilma, que presidiu o conselho de administração da Petrobras.
“O que está acontecendo agora no Brasil é resultado da independência dos nossos juízes”, disse Lewandowski, que ocupa o cargo há um ano e está em Washington para participar de eventos na Organização dos Estados Americanos (OEA). O jurista pediu que se respeitem os tempos judiciais, mas se mostrou confiante de que a investigação Petrobras será concluída.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.