Dilma oferece Ministério da Educação a Mercadante
Possível saída de chefe da Casa Civil é uma das mais esperadas da reforma ministerial
Depois de meses de pressão e de troca de farpas praticamente públicas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o fiel escudeiro da presidenta Dilma Rousseff, Aloízio Mercadante, caminha para não sobreviver à reforma ministerial. Ao poderoso ministro da Casa Civil foi oferecida uma saída: voltar à pasta da Educação, ministério que ele comandou no mandato anterior, para liberar o posto nobre do Planalto a alguém menos odiado na base governista, em especial no PMDB.
A Casa Civil seria ocupada pelo atual responsável pela Defesa, o petista Jaques Wagner. Na manhã desta quarta-feira, ao deixar uma audiência na Câmara dos Deputados, Wagner disse não ter sido convidado para substituir Mercadante, mas, se fosse, aceitaria. "Sou parte deste projeto. E vou continuar ajudando no que puder".
Típico do clima de tensão que se instalou em Brasília desde que a presidenta anunciou uma reforma ministerial sem dizer nomes ou postos, nada disso era oficial na manhã desta quarta-feira. Embora no Ministério da Educação dessem como certa a mudança, o ministro da pasta, Renato Janine Ribeiro, só foi oficialmente informado por Dilma em audiência no meio da tarde. Mais cedo, a presidenta se reuniu a sós com Mercadante para informá-lo da decisão de trocá-lo por Wagner, um petista sintonizado com Lula, segundo o Blog do Fernando Rodrigues, no UOL. Mercadante disse a interlocutores que se sentiu chateado com a troca de cargo. Entendeu a mudança como um rebaixamento de função.
Professor de ética e filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Janine Ribeiro estava na pasta desde o final de março. Na época, seu nome foi bem recebido por educadores após a ruidosa saída de Cid Gomes do cargo. Janine é identificado com diretrizes do PT, mas não um quadro do partido, daí a pressão para que a estratégica pasta voltasse a um nome da sigla em meio à reforma ministerial que pode diminuir o peso petista na Esplanada para acomodar melhor o PMDB. Nesta terça-feira, foi oficializada a saída do petista Arthur Chioro do Ministério da Saúde, maior Orçamento federal.
Se concretizada a alteração na Educação, será a terceira mudança do ano no ministério responsável nada menos do que pelo slogan da gestão, o "Pátria Educadora". Nos últimos meses, a pasta se ajustava aos cortes orçamentários que não pouparam nem mesmo programas-bandeira como Pronatec, de qualificação profissional, e Ciência Sem Fronteiras, para estudo universitário no exterior.
A possível volta de Mercadante causa receio nos corredores do Ministério. Em sua passagem por lá, ele ficou marcado por um trato pouco cordial com subordinados e broncas de altos decibéis.
Outras trocas
Quem deve ocupar a vaga de Wagner na Defesa é o ex-deputado e atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (PC do B). Já para o seu cargo Rousseff está tentando fazer uma jogada para ampliar sua base no Congresso e atrair o PSB. Nesta quarta-feira, a presidenta se reuniu com os três governadores do partido, Paulo Câmara (PE), Rodrigo Rollemberg (DF) e Ricardo Coutinho (PB). Os três são simpáticos a ela e a essa proposta, mas enfrentam resistência do partido que estava quase se declarando oposição. Até a semana passada, o PSB era independente.
Ricardo Berzoini, que hoje está nas Comunicações, deverá ocupar a secretaria-geral da Presidência, que vai abraçar a secretaria de Relações Institucionais. Seu número dois será o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo. Ambos serão oficializados como os articuladores políticos do Governo, funções que já estão exercendo desde meados de setembro.
Com a reforma, todos os ministros considerados mais técnicos (Arthur Chioro, da Saúde, Mangabeira Unger, de Assuntos Estratégicos, e Renato Janine, Educação) perderam espaço. O primeiro foi demitido por telefone. O segundo deixou a pasta na semana passada. O terceiro deve ser demitido até amanhã quando a reforma será oficialmente anunciada. Praticamente, só sobram os ministros políticos.
O que não ficou claro até o momento é quais serão os dez ministérios que serão extintos. Há uma possibilidade de Pesca, Portos e Aviação Civil, que seriam incorporadas por outras pastas, manterem-se vivos.
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