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Os muitos atrativos do US Open

Último grande torneio da temporada oferece vários focos de interesse neste ano

Alejandro Ciriza
Nadal distribui autógrafos a fãs.
Nadal distribui autógrafos a fãs.PETER FOLEY (EFE)

O US Open de tênis, último grande torneio da temporada, começou nesta segunda-feira, marcado por muitas reclamações sobre as quadras do Queens. Os tenistas chegaram a Nova York há vários dias, mas é o início das disputas que faz subir a temperatura no parque Flushing Meadows, sede de um evento caracterizado pelo show de animação do público local. Depois do surpreendente triunfo do croata Marin Cilic no ano passado, esta edição oferece diversos focos de interesse.

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Rafael Nadal. Ausente há um ano por causa de uma lesão no punho, o espanhol regressa a Nova York em meio a essa realidade tão flutuante em que ele se move. Em sua pior temporada – três títulos de menor importância, em Buenos Aires, Stuttgart e Hamburgo –, o número oito estreou com vitória na noite de segunda-feira, 6-3, 6-2, 4-6 e 6-4 contra o irreverente Borna Coric (número 33 do mundo). Agora vislumbra uma chave muito exigente, na qual cruzaria com Novak Djokovic em uma hipotética quarta de final. “É a pior temporada de meus últimos 11 anos, mas acho que ainda posso ser perigoso”, afirmou ele na apresentação aos jornalistas.

Nadal, durante um evento em Nova York.
Nadal, durante um evento em Nova York.Steve Zak Photography (FilmMagic)

As quedas nos preparatórios de Montreal (nas quartos, contra Kei Nishikori) e Cincinatti (oitavas, contra Feliciano López), assim como o fato de não ter passado da barreira das quartas de final neste ano nos Grand Slams de Melbourne, Paris e Londres, não são um bom sinal para o campeão de 2010 e 2013. Contido e realista, ele se contenta com o fato de o seu corpo respeitá-lo até agora, e de pouco a pouco estar adquirindo um ritmo competitivo. “Meu nível de estresse é muito mais baixo do que no começo da temporada. Eu me sinto melhor comigo mesmo. Como tenista, sinto-me melhor hoje do que há dois meses.”

Djokovic, durante uma coletiva de imprensa.
Djokovic, durante uma coletiva de imprensa.John Lamparski (WireImage)

Novak Djokovic. Com um balanço de 56 vitórias e apenas 5 derrotas, o número 1 é a referência indiscutível do circuito. Com a Austrália e Wimbledon no bolso, além de quatro Masters 1.000 – Indian Wells, Miami, Montecarlo e Roma –, a supremacia atual de Nole está acima de qualquer suspeita. E, como se fosse pouco, ele adverte: “Sinto que estou preparado. A confiança continua lá”. Entretanto, suas derrotas recentes contra Andy Murray e Roger Federer, nas finais do Canadá e Cincinatti respectivamente, sugerem que ele deve permanecer atento.

Derrubado nas semifinais de 2014 por Nishikori, o sérvio está no auge da sua carreira e parece praticamente imbatível hoje em dia, qualquer que seja a superfície. Aspira agora a reeditar seu maravilhoso 2011, quando conquistou três dos quatro Grand Slams – na época, como até agora em 2015, só Roland Garros lhe escapou. Mas, daquele ano até agora, houve uma mudança de hierarquia no circuito e uma metamorfose pessoal derivada da maturidade. “Fisicamente estou mais forte e sinto que posso aguentar mais coisas, e à medida que você envelhece vai ficando mais maduro”, salienta Djokovic, que estreou na quadra central com um contundente triplo 6-1 sobre o brasileiro João Souza, o Feijão.

Federer durante um treino.
Federer durante um treino.Uri Schanker (FilmMagic)

Roger Federer. Diante do desafio da idade, o suíço deu um passo à frente. Consciente de que perdeu fôlego na troca de bolas e no corpo a corpo, o ganhador de 17 Grand Slams optou pela via direta e por reconquistar a rede. Assessorado por um ex-tenista de quem foi muito fã, Stefan Edberg, Federer vive um momento dos mais doces. Ao invés de dar um passo atrás e se entregar, se empenha em ditar o ritmo dos confrontos. “Não quero jogar num ritmo em que outros me marquem, e sim do meu jeito”, diz. Seu histórico neste ano se resume em 45 vitórias, 7 derrotas e 5 títulos (Brisbane, Dubai, Istambul, Halle e Cincinatti).

Agora, na juventude infinita dos seus 34 anos, pode se tornar o tenista mais veterano a conquistar Nova York (o australiano Rod Laver e o norte-americano Pete Sampras dividem essa honra, sagrando-se campeões aos 31). Ele já ergueu o troféu em Flushing Meadows cinco vezes consecutivas (2004 a 2008). “Está em forma, agressivo, não deixa você ditar o ritmo”, elogia Djokovic, que sentencia: “Está jogando o melhor tênis que já jogou”.

Andy Murray em uma partida recente.
Andy Murray em uma partida recente.John Minchillo (AP)

Andy Murray. Apesar de ser um homem pouco estridente e de não falar muito alto, o escocês tende a dizer coisas contundentes. E, antes de enfrentar o indomável Nick Kyrgios na primeira ronda, admitiu que sofreu muito para alcançar seu nível atual. “Trabalhei muito para chegar aonde estou. Tive um monte de problemas no ano passado, muitos momentos complicados", admite o número 3 do mundo, que mudou radicalmente seu jogo após uma cirurgia nas costas, resultado de torturantes dores que sentia.

Murray, de 28 anos, já não espera que outros tomem a iniciativa; tornou-se um jogador multissuperfície, que geralmente assume a iniciativa, controla as partidas e ataca desde a primeira bola. Deixar a retranca de lado está sendo bom para ele. Em 2015 soma quatro troféus (Munique, Madri, Queens e Canadá) e só perdeu 9 dos 65 duelos que disputou. Vencedor em 2012 em Nova York (seu único Grand Slam, junto com Wimbledon de 2013), é visto atualmente como uma alternativa consistente a Djokovic e Federer.

Serena Williams, a número um do tênis feminino.
Serena Williams, a número um do tênis feminino.MIKE SEGAR (REUTERS)

Serena Williams. Se existem atrativos no torneio masculino, entre as mulheres todos os olhares estão voltados à rainha Serena, que tem a oportunidade de fechar o círculo em Nova York. Se conseguir sua terceira conquista em Flushing Meadows, a norte-americana se transformará na quarta tenista da história a alcançar o Grand Slam, os quatro principais títulos do circuito. Incontestável na Austrália, Paris e Londres, igualaria os feitos de sua compatriota Maureen Connolly (1953), a australiana Margaret Court (1970) e a alemã Steffi Graf (1988, ano em que ganhou também o ouro olímpico em Seul).

Serena tem também ao seu alcance a chance de igualar os 22 títulos de Graf e de aumentar a sensação de muita gente de que se trata da melhor de todos os tempos. “Não posso dizer que sou a melhor de todos os tempos, mas sim que fui a melhor tenista dentro da minha capacidade”, disse ela, perto de completar 34 anos e que não terá em seu caminho a russa Maria Sharapova, que abandonou o evento por conta de uma lesão muscular na perna direita.

Muguruza, em uma partida em Wimbledon.
Muguruza, em uma partida em Wimbledon.F. A. (EFE)

Garbiñe Muguruza. A hispano-venezuelana, que faz 22 anos em outubro, tem pela frente um desafio importante em Nova York. Depois de ser finalista em Wimbledon e se tornar um nome conhecido no mundo ao entrar no top-10, o torneio norte-americano pode ser a ferramenta ideal para calibrar sua ascensão. Ocupando um espaço importante na WTA, não parece chegar no torneio em seu melhor momento. Caiu na primeira rodada tanto em Toronto como em Cincinatti e acaba de romper com seu técnico dos últimos cinco anos, o basco Alejo Mancisidor.

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