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Destino de presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez nas mãos de Moro

Procuradoria ofereceu denúncia por Lava Jato e juiz decidirá se eles se tornarão réus

Gil Alessi
Marcelo Odebrech, em foto de 2012.
Marcelo Odebrech, em foto de 2012.RONALDO SCHEMIDT (AFP)

Em mais uma ação da Operação Lava Jato, presidentes de duas das maiores construtoras do Brasil foram denunciados nesta sexta-feira pelo Ministério Público Federal. Marcelo Bahia Odebrecht, da Odebrecht, e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez, foram acusados de participar de esquemas de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa que lesou os cofres públicos. Além deles, outras 20 pessoas também foram denunciadas, entre executivos, funcionários da Petrobras e operadores. Agora caberá ao juiz Sérgio Moro decidir se eles vão a julgamento.

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Além do pagamento de propina pelas empreiteiras para conseguir contratos com a estatal, os procuradores também apontaram que elas praticaram crime de cartel, combinando o resultado das licitações. Entre os nomes apresentados hoje, destacam-se também os ex-diretores da estatal petroleira Pedro Barusco, Paulo Costa e Roberto Duque – com exceção do último, os outros fecharam acordos de delação premiada com a Justiça. Outro funcionário da empresa, o gerente de empreendimentos em Vitória (ES) Celso Araripe de Oliveira, também estava na lista do MPF. O doleiro Alberto Youssef, delator do esquema, também foi citado.

As denúncias foram apresentadas no mesmo dia em que Moro decretou nova prisão preventiva para os executivos da Odebrecht detidos, entre eles Marcelo. Eles já estavam presos desde 19 de junho. No despacho, Moro cita a obtenção de novas provas sobre o pagamento de propina via contas na Suíça. De acordo com o Ministério Público suíço, empresas subsidiárias da Odebrecht fora do Brasil foram usadas para pagar 17,6 milhões de dólares (59 milhões de reais) a ex-dirigentes da Petrobras em contas secretas na Europa. “As informações que vieram da Suíça apenas corroboraram as nossas provas”, afirmou Dallagnol.

O procurador disse que o esquema de pagamentos das empresas aos diretores da Petrobras era feito de forma sofisticada, usando empresas offshore e com três níveis de lavagem de dinheiro. Foram apresentados documentos comprovando que as companhias de fachada envolvidas eram de propriedade dos indiciados. “Offshores são o refinamento do laranja e do testa-de-ferro, são usadas para ocultar o real titular das contas”, afirmou.

Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações internacionais da Odebrecht que teria viajado com o ex-presidente Lula para Estados Unidos, Cuba e países da África também foi denunciado. Na semana passada a procuradoria do Distrito Federal abriu inquérito para investigar o petista por tráfico de influência. Existe a suspeita de que ele tenha tentado favorecer negócios internacionais da Odebrecht.

870 milhões de reais já foram restituídos aos cofres públicos pela Lava Jato graças a acordos com os investigados

Uma das operações investigadas pela Lava Jato e apresentada hoje, envolvendo a empresa Braskem – de propriedade da Odebrecht – e a Petrobras, deu prejuízos de 6 bilhões de reais à estatal. Em outro caso analisado, o ex-diretor Paulo Costa recebeu 5 milhões de reais em propinas por ano.

Dallagnol também falou sobre os números da Lava Jato até o momento, e afirmou que “jamais houve uma recuperação de valores tão grande” quanto os da operação: 870 milhões de reais já foram restituídos aos cofres públicos, “por meio de acordos com investigados”. Desse valor, 385 milhões vieram de contas de fora do pais.

A Odebrecht e a Andrade Gutierrez sempre negaram participação no esquema investigado pela Lava Jato. Após a denúncia do MPF, a advogada da Odebrecht Dora Cavalcanti afirmou que as investigações não justificam a prisão dos executivos da empresa, consideradas por ela ilegais, e disse que "não houve nenhuma razão que justificasse a imposição dessa medida".

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