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Chile do ‘loco’ Sampaoli prepara ‘defesa antiaérea’ contra Uruguai

A seleção com os jogadores mais baixos do torneio teme enfrentar as ‘torres’ uruguaias

Valdivia, Vidal e Medel, durante o treino na última segunda.
Valdivia, Vidal e Medel, durante o treino na última segunda.MARIO RUIZ (EFE)

Apesar dos vários fatores que tornam o Chile favorito para o duelo das quartas de final da Copa América nesta quarta-feira à noite contra o Uruguai (é anfitrião, marcou 25% dos gols até agora, tem quatro jogadores que vestem a ‘camisa 11’ ideal do torneio, não teve que se deslocar), os torcedores locais temem a lendária capacidade uruguaia de estragar a festa na casa dos outros e se mostram, acima de tudo, muito cautelosos diante da principal arma uruguaia, precisamente o ponto mais fraco da Roja: o jogo aéreo. Sampaoli, conhecido como "el loco", ensaiou obsessivamente, como de costume, nos últimos treinos a defesa de lançamentos na área de todos os pontos: pela lateral, escanteios, chutes de longa distância e lances livres.

Os lances de cabeça de Godín, Cavani ou Giménez tiram o sono do treinador argentino, cuja seleção é a mais baixa da Copa América: uma estatura média de 1,76 metro (comparada a 1,80m dos uruguaios). A presença do intocável Gary Medel (1,72m) como meia requer uma estratégia defensiva coletiva, baseada na antecipação. Sampaoli tem insistido nisso desde o início do torneio: "Somos os mais baixos do torneio e temos que nos antecipar. Certamente seremos uma equipe que vai tentar fazer o que tem feito no segundo tempo, jogar por baixo e liderar. Nos preparamos para ser uma equipe que antecipa”.

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Seu esquema defensivo nunca foi colocado à prova como agora: os únicos dois gols marcados pelo time uruguaio na primeira fase (Cebolla Rodríguez e Giménez) surgiram de lances de bola parada. O zagueiro teve na cabeça outro gol idêntico, depois de um escanteio, impedido brilhantemente pelo goleiro paraguaio Villar. "Não é nada do outro mundo que o Uruguai faça um gol com bola parada", disse na segunda-feira Charles Aránguiz, estrela em ascensão do time chileno: "É o que mais vamos trabalhar [...] Precisamos de muita concentração, não podemos deixar que cabeceiem livremente".

O futebol mostrado pelo Uruguai até agora tem sido pobre na elaboração, às vezes troglodita, exceto na última meia hora contra a Argentina, quando Tabárez (perdendo por 1x0) se arriscou a escalar um terceiro atacante (Abel La Joya Hernández), para se juntar a Carlos Sánchez e Álvaro González no meio campo e colocou em apuros a seleção da outra margem do Rio da Prata. A força aérea dos uruguaios no ataque permitiu a classificação do time para as quartas, mas a equipe também provou do seu próprio veneno: nos dois gols sofridos até agora, Agüero e Lucas Barrios cabecearam contra a rede depois de terem se adiantado, deixando Giménez para trás.

A seleção anfitriã apresentará um jogo diametralmente oposto ao dos atuais campeões: esmagadora pressão no ataque e recuperação da bola para mantê-la no gramado e controlar a posse. O Chile joga na frente, fiel à escola de Bielsa. O técnico uruguaio, Óscar Tabárez, disse na terça-feira que vai enfrentar "uma equipe que acredito conhecer bem. É um time intencionalmente desequilibrado para o ataque". O Chile conta com o elemento surpresa de Arturo Vidal, que já fez um gol de cabeça contra o México na primeira fase e surpreendeu várias vezes com subidas na segunda linha. Nesse jogo, no entanto, o Chile mostrou uma fraqueza preocupante na defesa. Raúl Jiménez superou o próprio Vidal e Jara com facilidade quando marcou de cabeça o segundo gol dos mexicanos, e podia ter feito outros.

Os torcedores chilenos confiam na conhecida eficiência de Claudio Bravo nas bolas aéreas. O jogador mais alto dos dois times, Sebastián Coates (1,96m), vai começar o jogo no banco com o retorno do capitão e líder da defesa, Diego Godín. Sampaoli, por sua vez, decidiu escalar Eugenio Mena no lugar de Beausejour na lateral esquerda; será a única novidade em relação à escalação inicial que venceu a Bolívia.

O Uruguai acordou chocado na terça-feira com a prisão do pai de Edinson Cavani, supostamente responsável por atropelar e matar um motorista enquanto estava bêbado. Até o momento não se sabe se o jogador continuará ou não na concentração uruguaia: "Cavani está afetado pela situação. Com o passar das horas vai tomar uma decisão", disse o técnico em entrevista coletiva antes de uma partida que vai ter, especialmente para o Chile, um sabor de final.

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