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Uruguai contra o impossível

Celeste lembra que sempre luta em desvantagem, mas foi a que mais venceu o torneio

Jordi Quixano
Cavani no amistoso do Uruguai contra a Guatemala.
Cavani no amistoso do Uruguai contra a Guatemala.Matilde Campodonico (AP)

“Eles jogam com muitas camisas, nós sempre de azul-celeste. A lógica sempre jogou com eles e nós jogamos com loucos, matadores, príncipes e principezinhos, também marechais...”, diz um vídeo promocional da Associação Uruguaia de Futebol dirigido à torcida visando a Copa América que acontecerá no Chile; “Os torcedores do impossível querem nos ver fora. Mas nós adoramos ganhar o impossível”. E é isso a que se propõe Óscar Washington Tabárez com sua equipe, apontada como competitiva, mas um tanto enfraquecida por ter perdido grandes figuras e referências como Forlán (aposentado), Gargano (não selecionado), Lugano e Martín Cáceres (lesionado), e especialmente o azul-grená Luis Suárez, punido pela FIFA pela mordida em Chiellini na Copa do Mundo. “É o mesmo que perguntar o que aconteceria se a Argentina não tivesse Messi. Ou qual zagueiro joga se a Espanha não tem Sergio Ramos”, disse Tabárez. “Nós temos de chegar o mais discretamente possível à Copa. À uruguaia. Nós gostamos de chegar assim e de sair gloriosos”, contrapõe o atacante Cavani, a esperança celeste.

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O Uruguai chega ao torneio em plena fase de reconstrução, com mais dúvidas do que certezas, por mais que defenda o título conquistado há quatro anos na Argentina. “Argentina e Brasil estão sempre aí, a Colômbia deve ser lembrada pelo que tem feito ultimamente e o Chile por jogar em casa”, enumera como potenciais favoritos Tabárez, chefe da equipe nacional desde 2006 sem interrupção, em sua segunda aventura à frente da equipe charrúa, que já havia dirigido de 1988 a 1990. Mas precisa: “Estamos em um momento de incerteza. No entanto... O Uruguai era favorito em 2011? Eu nunca ouvi isso e, em seguida, tivemos a sorte de ganhar”.

É o mesmo que perguntar o que aconteceria se a Argentina não tivesse Messi Tabárez, sobre a ausência de Luis Suárez

Concentrada desde 25 de maio, a seleção foi somando gradualmente os jogadores ao grupo, que no sábado jogou um amistoso de preparação contra a Guatemala (5 x 1). Tabárez usa habitualmente o 4-4-2, que às vezes muda para o 4-3-3, com Muslera sob as traves, goleiro que se agiganta com a celeste, mas que não conseguiu se firmar na Lazio e agora está no Galatasaray. Com laterais que se sobem ao ataque como os Pereira (Maxi pela direita, Álvaro pela esquerda), Godín e Giménez, zagueiros do Atlético do gosto de Simeone, que impõem seu físico e sua contundência pelo meio da defesa. Embora não tenha muita paciência na construção das jogadas, é uma equipe que não falha por cima e que joga com agressividade nos contra-ataques, vivendo do rendimento deles, atenta aos adjetivos que sempre a definiram, como a garra e intensidade. No meio campo, Arévalo Ríos destrói e Lodeiro (Boca Juniors) abre o jogo para os lados, onde Cebolla Rodríguez e Carlos Sánchez desequilibram com fintas e velocidade. Na grande área aguardam Rolán e especialmente Cavani, feliz porque na seleção pode jogar em sua verdadeira posição, centroavante que é o topo do pinheiro que se escora no PSG pela presença de Ibrahimovic.

Oitavo no ranking da FIFA, o Uruguai, que tem 3,5 milhões de habitantes, tem mais Copas América do que ninguém (15, contra 14 da Argentina e oito do Brasil) e vai enfrentar Paraguai, Jamaica e Argentina na primeira fase. “Eles têm Messi, um fator totalmente individual, mas inexcusável e iniludível” reflete Tabárez. Como diz o vídeo da Associação Uruguaia de Futebol: “O Uruguai contra o impossível”.

Escalação provável (4-4-2): Muslera; Maxi Pereira, Giménez, Godín, Álvaro Pereira; Carlos Sánchez Arévalo Ríos, Lodeiro, Cristian Rodríguez; Cavani e Rolán.

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