Pinterest se transforma em loja
Rede social de maior crescimento anuncia um botão para comprar dentro de seu serviço
O Pinterest não quer ser um lugar apenas para contemplar objetos bonitos e copiar boas ideias – ele quer ir além. A rede social entra de cabeça no comércio eletrônico ao incluir o botão buyable (comprável), transformando-se assim em um grande shopping center com mais de dois milhões de objetos disponíveis para serem adquiridos. Ainda neste mês, a opção deverá ser ativada nos aplicativos para iPad e iPhone, mas só nos Estados Unidos. O botão de compra será azul e ficará ao lado do botão vermelho de publicação, chamado pin it.
O anúncio da novidade foi feito na sede do serviço, em San Francisco, por seu criador e executivo-chefe, Ben Silberman. Com isso, o Pinterest se transforma em um site de comércio eletrônico, com todas as suas vantagens, mas sem precisar de armazéns e logística, os dois grandes empecilhos desse setor no mundo tradicional. Os preços serão similares aos oferecidos por outras lojas on-line, ou seja, o consumidor pagará o mesmo, sem ser penalizado com a cobrança de comissões pelo intermediário.
O executivo prometeu que em breve a novidade chegará também ao Android e aos navegadores da web, embora a prioridade seja o celular. “Sei que às vezes pode ser incômodo comprar via Internet com o telefone. Não é possível que 80% das compras sejam decididas via celular, mas que os menus e o processo sejam fechados no computador. A experiência atual não é boa, e foi ela que melhoramos”, gabou-se.
O Instagram anunciou quase ao mesmo tempo a inclusão de publicidade na sua plataforma
O pagamento será via Apple Pay ou cartão de crédito. O Pinterest efetua a transação e armazena os dados dos clientes, sem compartilhá-los com as lojas. O recém-apresentado Android Pay, do Google, por enquanto está fora do esquema.
Ian Smith, diretor de design do Pinterest, explicou o funcionamento. Uma vez escolhido o produto, podem-se avaliar diferentes modelos, cores, estampas e tamanhos. Basta digitar uma só vez o(s) endereço(s) de envio para que o site armazene as informações. E o mesmo acontece com o pagamento. São mantidas as buscas por categorias, mas acrescidas de novos filtros que permitem, por exemplo, encontrar um produto de determinada cor ou em determinada faixa de preço.
As lojas que já aderiram incluem start-ups como a Shopify e marcadas tradicionais, como Macy’s, Neiman Marcus e Nordstrom. Há também estilistas que decidiram vender diretamente, caso de Cole Hann, Kate Spade e Jo-Ann Fabric. Contar com tantos novos companheiros de viagem, sobretudo o Shopify, que oferece manualidades e produtos artesanais diretamente dos produtores, permitirá ao Pinterest competir diretamente com o Etsy, que lidera o setor até agora.
O Pinterest se tornou o queridinho do Vale do Silício, por ser a rede social com maior crescimento, com um público majoritariamente feminino. Seu valor de mercado é estimado em mais de 10 bilhões de dólares (cerca de 30 bilhões de reais), No Vale do Silício, apenas Uber, Palantir, Dropbox e Airbnb o superam. Desde que a empresa Rakuten, uma espécie de Amazon japonesa, adquiriu uma participação acionária, todos os passos já indicavam que o próximo passo do Pinterest seria entrar no comércio eletrônico. A rede nasceu como um lugar para guardar links, de forma análoga aos quadros de cortiça onde as pessoas guardam suas imagens preferidas, para tê-las sempre à vista.
O Pinterest se tornou o queridinho do Vale do Silício, por ser a rede social com maior crescimento, principalmente entre o público feminino
Segundo o site ComScore, a rede conta com mais 70 milhões de usuários únicos mensais, e 80% de seu tráfego é via celular. Uma pesquisa da Millward Brown apresentou dados surpreendentes, que justificam essa novidade: 93% dos usuários ativos passam pelo serviço antes de tomar uma decisão de compra. E 87% confirmaram que já adquiriram um produto que viram na rede social. O Pinterest passa, agora, da potência ao ato – do olhar para o comprar.
Durante uma recente conferência de desenvolvedores do Google, foi confirmado um rumor recorrente – o de que gigante das buscas também irá incluir um botão para comprar diretamente a partir de buscas via celular. O Instagram, serviço de fotos do Facebook, concorrente direto do Pinterest na hora de encontrar sugestões de compras ou lugares, anunciou quase ao mesmo tempo a inclusão de publicidade na sua plataforma. Fará isso com um carrossel de quatro fotos que se intercalam entre as fotos dos contatos seguidos.
O movimento do Instagram, centrado no celular e com uma interação muito mais limitada, porém guiada, é bem mais tímido. Pretende tornar rentável uma aquisição de um bilhão de dólares, quando o site só tinha 14 funcionários, mas que agora se torna um suporte publicitário a partir do qual obter tráfego. Ainda está muito longe de vender um produto diretamente, como o Pinterest acaba de anunciar que fará.
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