_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

O PSOE bate primeiro

A vitória de Susana Díaz, mesmo sem maioria absoluta, deixa-lhe várias opções de Governo

Os resultados das urnas andaluzas oferecem ao PSOE uma nítida vitória sobre seus oponentes, principalmente o Partido Popular. Obtém um resultado francamente meritório em um cenário político mais fragmentado que o precedente (entram cinco forças no Parlamento andaluz, frente às três anteriores) e após anos de crise de identidade do socialismo espanhol. Susana Díaz consegue também pôr o pé na parede frente ao avanço do Podemos, embora não alcance a maioria absoluta que lhe permitiria governar com maior comodidade.

A grande distância dos socialistas, os partidos emergentes demonstram um considerável impulso. Certamente estão muito longe de provocar uma reviravolta no mapa político, como pretendia o Podemos, mas essa força de fato altera o espaço da esquerda. O Podemos irrompe no Parlamento andaluz como terceira força, deslocando quem estava havia quase 30 anos nessa posição, a Esquerda Unida, e provavelmente graças à incorporação de eleitores novos ou abstencionistas em outras eleições.

Muito relevante é também o fato de que o Ciudadanos, um partido com raízes catalãs, saltar à política espanhola como opção centrista, capaz de desempenhar o papel de "dobradiça" em pactos ou acordos futuros.

Mais informações
A Grécia precisa de canais
Netanyahu não é digno de confiança
Dilma em xeque

Se a vitória de Susana Díaz foi insuficiente para assegurar um Governo monocromático, os paradoxos que cercam a vitória do PSOE se transformam em uma áspera derrota no caso do Partido Popular. Fracassou a renovação tentada com um candidato inédito, Juan Manuel Moreno, e o mau resultado respinga no primeiro-ministro, que se envolveu inutilmente na campanha, junto com grande parte dos ministros. O PP resistiu obstinadamente a dar um maior perfil político a seu Governo e substituir os ministros queimados – talvez outros chamem isso de firmeza, o que não condiz com a resposta das urnas; deu uma resposta insuficiente ao problema da corrupção, e se manifestou em termos destemperados sobre os oponentes políticos.

Durante a campanha, Mariano Rajoy insistiu na legitimidade da força mais votada para governar. Se isso era uma sonda para obter o compromisso de reciprocidade socialista nas futuras eleições, não é provável que o consiga. Em todo caso, é cedo para entrar na administração da vitória e das opções que se abrem para quem tem a chave de todas elas, que é Susana Díaz.

Uma nova geração está assumindo os assuntos públicos e é evidente a pressão da população para que mudem também os modos de representar os interesses dos eleitores e os métodos de governo. Essa é a mensagem enviada pelo povo soberano na Andaluzia e que transmitem reiteradamente as pesquisas no conjunto da Espanha. Não há dúvida de que o eleitorado busca novas soluções para os problemas econômicos e sociais sem romper com um sistema democrático no qual manifestamente continua acreditando, como demonstra a elevada participação alcançada ontem.

Seria completamente errôneo avaliar o que ocorreu ontem como a confirmação da crise do bipartidarismo, em que obsessivamente insistiam não poucos setores políticos e midiáticos. Primeiramente, a Andaluzia é um mau exemplo para falar disso, pois essa comunidade jamais conheceu a alternância entre dois partidos em mais de três décadas de hegemonia socialista. O relevante é que o PSOE ganha o primeiro embate eleitoral de 2015, enquanto o PP inaugura o calendário de eleições na Espanha sob o peso de uma derrota.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_