Galeria dos Ofícios, na Itália, se une à batalha contra o pau de ‘selfie’
Assim como o MoMA e o Thyssen, museu italiano reitera a proibição da 'ferramenta'
Há proibições muito óbvias, quase históricas: “Fumar, jogar chicletes no chão, tocar as obras de arte”. Outras desesperariam pessoas como o cineasta Jean-Luc Godard: “Proibido correr no museu”. Mas desde outubro de 2014 a Galleria degli Uffizi (Galeria dos Ofícios), em Florença (Itália), acrescentou a seu catálogo de atividades vetadas e à lista de inimigos número um algo um pouco mais inovador: o selfie stick, o cada vez mais comum pau para tomar selfies. No entanto, a modificação não se espalhou muito pela mente e pelo comportamento dos visitantes, tanto que o museu de Florença foi obrigado, há poucos dias, mais de quatro meses depois, a repetir seu comunicado de “não”. “É um perigo tanto para as pessoas quanto para as obras, esta é a razão”, esclarece o museu.
A lista dos museus que se somam a esta guerra também inclui o Getty Center, de Los Angeles, o Hirshhorn, de Washington. O pau de selfie não é bem vindo também nos estádios do Arsenal e do Tottenham, em Londres
Para os profanos tecnológicos, a ferramenta serve para prender o celular ou a câmera e tirar um autorretrato – uma selfie – de maior distância do que a extensão de um braço permite. Vários meios italianos afirmam que a Galeria dos Ofícios quis lembrar suas normas também por causa da selfie que a cantora Katy Perry tirou há pouco tempo na frente de O Nascimento de Vênus, de Botticelli que deu a volta ao mundo. Seja como for, o museu italiano é o mais recente, mas não o primeiro a entrar na batalha das pinacotecas contra o pau de selfie. Centros tão famosos como o MoMA e o Metropolitan Museum de Nova York vetaram seu uso, embora continue a ser permitido, entre outros, no museu mais visitado do mundo: o Louvre de Paris.
Na Espanha, o Museu do Prado não veta expressamente a ferramenta a seus visitantes, embora não seja necessário: na pinacoteca não é permitido tirar fotos nem vídeos de nenhum tipo. O Reina Sofía inclui entre suas normas a possibilidade de tirar fotos sem flash e “sem tripé, monopé ou qualquer outro elemento de estabilização de câmeras fotográficas”. Já o Thyssen, que também permite tirar fotos sem flash, não aceita, por outro lado, o pau para selfies.
“Está claramente colocado entre as condições expostas na bilheteria do museu, assim como o ponto número 12 das normas de comportamentos, disponíveis online”, acrescenta o comunicado da Galeria como lembrança para seus 5,4 milhões de visitantes anuais (pelo menos em 2013). E sempre na rede, concretamente no site dos Museus do Vaticano, que se descobre que ali também está proibido “o uso do pau extensível para selfies”. A lista dos museus que se somaram a esta guerra também inclui o Getty Center de Los Angeles, o Hirshhorn de Washington e vários outros centros, dos EUA à Austrália. Ampliando o foco, descobre-se que o pau para selfies está proibido também nos estádios em Londres do Arsenal e do Tottenham, pelo menos nos dias de partida.
Claro, a luta contra o aparelho não significa que as selfies estejam proibidas. Na verdade, muitos museus e monumentos tentam aproveitar a moda dos autorretratos e até estimulá-la. Durante a recente restauração da Fontana de Trevi, por exemplo, os turistas eram incentivados a tirar um autorretrato na frente da fonte, que depois saía publicada no site oficial das obras. E, como aponta a revista italiana L’Espresso, o Whitney Museum of American Art de Nova York sugeria a seus visitantes tirar um autorretrato na frente das obras de Jeff Koons: “Ficam geniais em uma selfie!”.