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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Escalada inaceitável

Putin deve renunciar a apoiar o uso da força na Ucrânia e aceitar um diálogo honesto

O presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin.Getty Images (Konstantin Zavrazhin)

A escalada bélica apoiada pela Rússia na Ucrânia põe em muito grave risco a estabilidade em toda a Europa e deve cessar o quanto antes. Longe de caminhar para a solução, o conflito entre a minoria russa do leste da Ucrânia — respaldada ideológica e materialmente por Moscou — e o Governo de Kiev parece cada vez mais inflamado, com o perigo de as vozes mais sensatas e moderadas ficarem isoladas. O trágico bombardeio, no último fim de semana, da cidade ucraniana de Mariúpol, leal a Kiev, mas fundamental nos planos estratégicos dos rebeldes pró-russos, é bom exemplo do quão longe se está de alcançar pelo menos um cessar-fogo que permita uma saída pacífica.

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O presidente russo, Vladimir Putin, precisa entender que elevar as apostas de maneira irresponsável pode valer na mesa de jogo, mas não no tabuleiro das relações internacionais. Em seu caso, já o fez várias vezes, a começar pela inaceitável invasão e anexação da península da Crimeia, uma modificação unilateral e ilegítima das fronteiras da Europa. Putin se propôs empregar a força para evitar a aproximação entre Kiev e UE, preferindo considerar isso uma ameaça em vez do que verdadeiramente é: uma oportunidade econômica e de integração natural da Rússia à Europa.

O tempo corre contra o mandatário russo. As sanções econômicas impostas por Estados Unidos e UE, combinadas com a queda brusca do preço do petróleo, puseram a economia russa em graves dificuldades, ao ponto de poder enfrentar sérios problemas de liquidez em curto prazo. Essa é a melhor prova de que a estratégia adotada por Washington e Bruxelas é adequada, e que, para responder à linguagem ameaçadora e ao belicismo em terra, o mais eficaz não é entrar nesse jogo.

Por isso, é necessário manter a unidade e superar a oposição do novo Governo da Grécia à ampliação das sanções contra Moscou. Tampouco se devem escutar os cantos de sereia que pedem um apoio militar ativo à Ucrânia. O fato de o Parlamento de Kiev declarar a Rússia “Estado agressor” não deve abrir a porta a um desenvolvimento militar do conflito de incalculáveis e nefastas consequências. A Europa e os Estados Unidos devem manter a firmeza frente à atuação russa na Ucrânia. E Putin deve renunciar à intimidação como tática.

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