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“É o sujo falando do mal lavado”, diz Luciana Genro, ex-PT, para Aécio Neves

Num debate que deveria ser morno, um embate entre a candidata do PSOL e o tucano Aécio Neves foi o ponto alto do encontro, ao atacar a relação do PT e PSDB com o mensalão e com o escândalo da Petrobras

Luciana Genro, durante o debate promovido pela CNBB.
Luciana Genro, durante o debate promovido pela CNBB.

A expectativa para o debate entre os candidatos à presidência, promovido na noite desta terça-feira pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), era de que temas polêmicos, como o aborto, a descriminalização das drogas e a união homoafetiva fossem discutidos acaloradamente pelos presidenciáveis. Isso porque, essas são questões polêmicas também para a Igreja.

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Mas a realidade foi bem diferente. Não fosse pelo embate direto entre a candidata do PSOL Luciana Genro e o candidato do PSDB, Aécio Neves, esse seria mais um debate morno entre os presidenciáveis que ensaiam as perguntas e fogem das respostas atacando seus adversários. No quarto e penúltimo bloco do programa, Neves perguntou a Luciana, candidata que não tem nem 1% dos votos segundo as pesquisas eleitorais, quais eram as propostas dela para melhorar o nível da educação no Brasil. A pergunta vinha na sequência de críticas feitas pelo pastor evangélico Everaldo, do PSC, e pelo candidato tucano, sobre a gestão corrupta na Petrobras. “A presidente disse que não sabia o que estava acontecendo com a Petrobras. O que o senhor tem a dizer sobre isso?”, perguntou Everaldo a Neves. O tucano, que cresceu quatro pontos nas pesquisas do último levantamento, e se mostrava mais confiante durante o encontro, aproveitou para criticar a adversária petista, que não teve como rebater à provocação na sequência.

Coube a Genro, que saiu expulsa das fileiras do PT em 2003 por tomar posições contrárias ao partido, ocupar o vácuo que ficou com a falta da resposta da presidenta. “Todos nós sabemos que o PSDB foi o precursor do mensalão. E o PT deu continuidade a essa prática, de aparelhamento do Estado já implementado no Governo Fernando Henrique. Também é público e notório o processo de compra da reeleição do [ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso e a corrupção, em seu mandato [de FHC], das empresas públicas que foram privatizadas”, disse Genro, em referência aos tempos do governo tucano na presidência (1994 a 2002). “O senhor falando do PT, candidato, é como o sujo falando do mal lavado, pois o senhor é de um partido que tem promovido a corrupção".

Genro ainda cutucou a ferida da Petrobras, ao dizer que as mesmas empresas citadas em denúncias de corrupção pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa à Justiça, financiavam as campanhas dos principais presidenciáveis. “As empreiteiras que fizeram o escândalo de corrupção da Petrobras são as mesmas que financiam a sua campanha, a da Dilma e a da Marina. As mesmas que fizeram as obras superfaturadas da Copa, inclusive aquela que desabou em Belo Horizonte”, disse ela, em referência ao viaduto que caiu no dia 4 de julho, ou seja, às vésperas da semifinal do Mundial.

Neves não rebateu, preferindo se esquivar das acusações da rival. “Tenho que saudar o retorno da candidata Luciana Genro às suas origens, atuando como auxiliar do PT. E lamento que a candidata não tenha falado de suas propostas para a educação”, disse, emendando com o que pretenderia fazer nessa área.

“Linha auxiliar do PT uma ova, candidato”, rebateu Genro, que é filha do governador petista do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, candidato a reeleição este ano. “O mensalão do PT foi iniciado no governo do PSDB, e o senhor não tem resposta para debater comigo sobre corrupção, pois o senhor foi protagonista de um dos últimos escândalos, antes desse da Petrobras, que construiu um aeroporto ao lado das fazendas da sua família”, disse Genro, sobre o caso da construção de um aeroporto, com verba pública, no município de Cláudio, em Minas Gerais, que estaria dentro da propriedade de um tio de Aécio Neves.

Sobre o aborto, por sorte ou azar, o sorteado para responder à essa questão foi Eduardo Jorge, do PV, que há muito tempo deixou clara a sua posição em relação a essa questão. “Como médico, sou a favor de uma política de planejamento familiar e da revogação imediata da lei contra o aborto”, disse.

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