_
_
_
_
Roberto Rodrigues | ex-ministro da Agricultura

“A agricultura está bem na foto com qualquer dos presidentes eleitos”

Segundo Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura do governo Lula, os três presidenciáveis com chances de ganhar já disseram que o campo está em primeiro plano

Carla Jiménez
Colheita de soja em Campo Verde.
Colheita de soja em Campo Verde.

Nunca o agronegócio foi tão bem tratado no Brasil como hoje, constata Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura durante o Governo Lula. O setor, que representa 23% do PIB, tem sido a âncora econômica do país nos últimos anos. Por isso, os presidenciáveis têm feito a corte às lideranças rurais. “Eu tenho 50 anos de agronegócios, e posso te dizer que nós sempre procuramos os candidatos a presidente da República para pedir algo. Desta vez, tem sido ao contrário”, conta o ex-ministro.

Não é coincidência, por exemplo, que a reunião da equipe de Marina Silva com representantes da Sociedade Rural Brasileira, tenha ganhado destaque na imprensa. Ela é tida por alguns setores como a "mais radical" entre os candidatos com maiores chances de vencer esta eleição. Uma ideia que não condiz com a realidade, segundo Rodrigues, uma vez que ela tem reafirmado o discurso e os programas de Campos até aqui. “Eduardo Campos e Marina, assim como Aécio, buscaram um plano de trabalho. Tivemos um corpo técnico que criou um projeto para eles”, conta. Segundo ele, é a primeira vez o país tem uma trinca de candidatos com posturas favoráveis ao agronegócio. “O campo está bem na foto para a próximo presidente”, brinca. Rodrigues observa que Marina Silva tende a reativar a cadeia de etanol, o que a faz ser bem quista por parte do setor.

Mais informações
A agricultura salva novamente a economia brasileira
Tudo sobre as eleições

Marina tem uma inclinação muito favorável à agroenergia, bioeletricidade, e o etanol, que emite 11% do gás carbônico que a gasolina emite, por exemplo. Ela tem uma visão muito clara”, diz Rodrigues, que é também presidente do Conselho Deliberativo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que inclui a cadeia de etanol. “Teremos uma interlocução fácil”, avalia. Rodrigues observa que o Governo de Rousseff deixou o setor de etanol totalmente abandonado, quando foi a menina dos olhos do Lula. “Eu mesmo vendi etanol no mundo com junto com ele, assim como a tecnologia canavieira, pois tínhamos know how”, lembra ele.

Dilma Rousseff, entretanto, tem melhor interlocução com outras lideranças, como a senadora Katia Abreu (PMDB-TO). Há rumores, inclusive, de que Abreu poderia ser sua ministra da Agricultura. Aécio Neves, do PSDB, por sua vez, sinalizou para interlocutores do mundo agro que se eleito, chamará um nome para a pasta da Agricultura que esteja de comum acordo com os representantes do setor.

Seja quem for o presidente, o fato é que o setor começa a vislumbrar apoio de todos os lados para sanar seus obstáculos. “O maior gargalo nosso é logística. Mas, há de se reconhecer que depois de muitos erros – inclusive com erros nas concessões em estradas, que demandaram mudanças de regras por parte do Governo – as coisas andaram. Temos uma luz no fim do túnel”, conclui.

Depois de viver dificuldades nos anos 90, principalmente nos anos do presidente Collor, quando a poupança foi confiscada, a agricultura brasileira precisou se reinventar. Os índices modificados com o plano Collor dispararam o endividamento do setor. “Isso foi brutal, algo que se repetiu com plano Real. Houve ajustes dramáticos, e milhares de produtores desapareceram. Quem sobrou buscou tecnologia e gestão para tocar para o agronegócio adiante”. Foi assim que a área de plantio cresceu 40% no país entre 1992 e 2012, com um salto de produção de 220%, segundo cálculos Rodrigues.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_