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FÓRMULA 1

A paciência de Massa tem limites

O brasileiro ignorou a mensagem da Williams e não permitiu a ultrapassagem de seu colega de equipe, Valtteri Bottas

Oriol Puigdemont
Felipe Massa passeando pelo 'paddock'.
Felipe Massa passeando pelo 'paddock'.M.Thompson (Getty)

Por regra, cada um dos pilotos que competem no Mundial de Fórmula 1 se considera o mais rápido, e os especialistas asseguram que, sem essa sensação, provavelmente seria impossível sobreviver em um ambiente tão competitivo. À margem disso, qualquer um acha que o primeiro rival a ser batido é o seu colega de equipe, uma circunstância que em muitos casos gera situações desconfortáveis para as escuderias, que devem zelar pelos interesses comuns acima dos individuais. Ocorre, no entanto, que há episódios concretos nos quais poderíamos concluir que a sensibilidade de alguns chefes de equipe é comparável à de um rinoceronte em desabalada carreira. Vejamos, por exemplo, o episódio que ocorreu em Sepang neste domingo com a equipe Williams como protagonista.

Faltando cerca de 10 voltas para a linha de chegada, Felipe Massa era o sétimo, imediatamente atrás de Jenson Button, mas não conseguia ultrapassá-lo. Aí apareceu Valtteri Bottas, colega de equipe do brasileiro nas instalações de Grove (Grã-Bretanha). Em um determinado momento e praticamente ao mesmo tempo, os engenheiros de pista fizeram contato com ambos pelo rádio. A Bottas, eles deram incentivo para que superasse Massa a fim de, posteriormente, atacar Button, enquanto ao brasileiro advertiram sobre a chegada do finlandês e ordenaram que deixasse o europeu passar, que não freasse sua progressão.

Ocorre, no entanto, que há episódios concretos nos quais poderíamos concluir que a sensibilidade de alguns chefes de equipe é comparável à de um rinoceronte em desabalada carreira

Mas não de qualquer jeito: "Valtteri is faster than you [Valtteri está mais rápido que você]". Essas são, exatamente, as palavras que Rob Smedley, ex- engenheiro de Massa, soltou para o paulista durante o Grande Prêmio da Alemanha de 2010, com a única variante de que o brasileiro na ocasião pilotava para a Ferrari e quem pedia passagem era o espanhol Fernando Alonso. Massa apartou-se de forma deliberada e a manobra escancarada provocou um grande escândalo, já que naquele tempo as ordens de equipe ainda estavam proibidas. A repercussão foi enorme. Ao contrário do que ocorreu em Hockenheim, no entanto, Massa decidiu em 2014 ignorar a mensagem e terminou a prova à frente de Bottas.

"Ouvi tudo perfeitamente. Lutei até o fim e fiz a minha corrida. Estou certo de que o resultado final não mudaria, ainda que tivesse me deixado ultrapassar", justifica o brasileiro, que perdeu o título mundial de 2008 por apenas um ponto. E acrescenta: "O que fez foi o correto. Estou dando 100% para a equipe e isso é o que realmente importa". "Teremos de analisar o que ocorreu e ver como temos de atuar no futuro se uma situação como essa se repetir", se limitou a dizer, por sua vez, o nórdico. Da Williams, Rod Nelson, chefe da equipe de testes, afirmou apenas que o desenlace da situação não foi o desejado. "O Felipe não fez o que gostaríamos", avaliou, antes de tratar de explicar os motivos que deram origem ao imbróglio. "A temperatura do motor de seu carro era um pouco elevada e começamos a ficar um pouco preocupados. Valtteri tinha pneus que acumulavam muito menos voltas que os de Jenson. Pensamos que seria bom deixar que ele tentasse a ultrapassagem", destacou o técnico.

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