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Coluna
Artigos de opinião escritos ao estilo de seu autor. Estes textos se devem basear em fatos verificados e devem ser respeitosos para com as pessoas, embora suas ações se possam criticar. Todos os artigos de opinião escritos por indivíduos exteriores à equipe do EL PAÍS devem apresentar, junto com o nome do autor (independentemente do seu maior ou menor reconhecimento), um rodapé indicando o seu cargo, título académico, filiação política (caso exista) e ocupação principal, ou a ocupação relacionada com o tópico em questão

Feliz 2015, caríssimo leitor!

Entre feriados, Copa do Mundo e as eleições, estamos a um passo do ano que vem

2014 deverá ficar na história do Brasil como o mais curto ano de todos os tempos. Inicia-se na próxima segunda-feira, 10 de março, e termina no dia 11 de abril. Sim, porque todos sabemos que, embora comemoremos o Ano Novo em 1º de janeiro, como em todos os outros lugares do mundo, o nosso trem, pesado, só passa a se movimentar, efetivamente, depois da semana do carnaval. Então, após dois meses inteiros de expectativa, poderíamos proclamar, “Que comece 2014!”, certo? Bem, caríssimo leitor, o problema é que esta é uma linha com muitas estações...

Pois, senão, vejamos.

Abril mal principia e já temos uma parada obrigatória na Semana Santa, que, temerosos que somos dos preceitos religiosos, acatamos e, para provar nossa reverência, não só folgamos na Sexta-Feira da Paixão, mas guardamos ainda todos os outros dias daquela semana. Na segunda-feira seguinte, homenageamos Tiradentes, espécie de símbolo involuntário desse ano enforcado e esquartejado.

E tropeçamos, em maio, o mês das noivas, na data reservada a nós, os que trabalham – uma quinta-feira que lança-se como uma ponte em direção a um fim de semana prolongado... Maio é também a época de preparação para a Copa do Mundo. Cordiais e hospitaleiros, nossas atenções estarão voltadas para recepcionar as 31 seleções e os 600 mil torcedores estrangeiros aguardados por aqui. Este deve ser também o período de aquecimento – e, neste caso, o termo há que ser compreendido literalmente – para quem vai para as ruas protestar.

No dia 12 de junho, contrariados ou satisfeitos, entraremos todos no Itaquerão, em São Paulo, para a festa de abertura da 20ª Copa do Mundo de Futebol. Às 17 horas, será ouvido o apito autorizando que a brazuca (lembra?, é o nome da bola, escolhido em votação pública) role no jogo inaugural, Brasil versus Croácia. Nas datas em que a seleção canarinho estiver em campo, a presidenta Dilma Rousseff pode (deve) decretar feriado nacional (ou seja, nos dias 12, 17 e 23, quinta, terça e segundas-feiras, respectivamente, sendo que 17 ainda coincide com a comemoração de Corpus Christi, que, nós, evidentemente, cultuamos). Além disso, cada cidade-sede pode (deve) decretar feriado municipal em dias de jogos em seus estádios. Se tudo der certo, avançaremos pelas oitavas e quartas-de-final e alcançaremos a partida que definirá o campeão e o vice, no dia 13 de julho... Portanto, até lá, provavelmente, muitos de nós estarão dando tratos às bolas para saber como vencer o segundo semestre...

Entretanto, finda a Copa do Mundo, felizes ou revoltados, de imediato abre-se a temporada de caça aos votos. Candidatos à Presidência da República, ao governo do Estado, ao Congresso (senadores e deputados federais) e à Assembleia Legislativa surgirão onde menos esperamos tentando nos convencer a emprestar-lhes ou renovar-lhes a confiança para o desempenho do cargo almejado. Não podemos reclamar, como uma vez observou um motorista de táxi, “Esses políticos só lembram da gente de quatro em quatro anos”, porque, como respondi, na ocasião, também nós apenas nos recordamos deles de quatro em quatro anos... O certo é que nossos olhos e ouvidos ficarão encharcados de propaganda política... Tão encharcados que pelo ralo escorrerão agosto e setembro.

Quando outubro chegar, cumpriremos nosso dever cívico e nos dirigiremos às urnas eletrônicas, no domingo, 5. Havendo necessidade de segundo turno, a elas regressaremos no dia 26. Então, novembro nos acena, oferecendo-nos feriados nos dias 15, Proclamação da República, sexta-feira, e 26, Consciência Negra, quinta-feira, momentos em que, exaustos, desejamos apenas alongar nossos músculos na praia ou na serra, já estressados que estaremos com a proximidade das compras de Natal... Bom, aí vem dezembro cavalgando as horas congestionadas... E acabou-se...

Então, o que posso desejar aos leitores é: Feliz 2015!

Luiz Ruffato é escritor

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