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A Comissão tira a Espanha do grupo de países com desequilíbrios excessivos

Bruxelas mantém a Alemanha entre as economias sujeitas a vigilância

Claudi Pérez
O vice-presidente da Comissão Europeia, Olli Rehn.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Olli Rehn.EFE

Da possibilidade de multas a sair do pelotão dos mais torpes. A Comissão Europeia vai tirar, nesta quarta-feira, a Espanha do grupo de países com “desequilíbrios econômicos excessivos”, segundo três fontes disseram ao EL PAÍS. A Espanha figurava, no ano passado, junto com a Eslovênia, entre os sócios da União Europeia submetidos à mais estreita vigilância: o vice-presidente Olli Rehn explicará que as reformas e a melhoria experimentada em vários âmbitos permitem tirar a Espanha desse grupo e se situar junto às economias que ainda apresentam desequilíbrios, mas já não excessivos. Assim, a ameaça de multas é afastada. A economia espanhola elude a zona de máximo risco, embora siga apresentando desajustes.

Bruxelas, além disso, mantém a Alemanha nesse mesmo grupo de países sujeitos a vigilância, basicamente por seu protuberante superávit comercial, e volta a criticar com dureza a falta de investimentos, públicos e privados, segundo as mesmas fontes. A leitura política dessas duas medidas combinadas é singela: a periferia está se ajustando, mas o centro não faz o suficiente para ajudar o reequilíbrio da economia europeia.

Bruxelas destaca os avanços na Espanha, mas segue chamando a atenção para vários outros aspectos. “Nem tudo vai bem: o discurso da Comissão não é tão complacente como o do Governo espanhol”, avisa uma fonte europeia. A equipe de Rehn segue chamando a atenção pela elevada dívida, tanto pública como privada, que supõe um problema em um meio de baixo crescimento e uma inflação próxima a 0%. Mas a Comissão descarta a volta do crescimento e a ligeira melhoria nos empregos. Sublinha que o déficit por conta corrente se converteu em superávit. Faz questão da melhoria no setor bancário, graças à recapitalização das entidades débeis e à transferência de ativos aos bancos em crise. E constata que o ajuste na construção está chegando ao fim. Por outro lado, vários problemas persistem: a posição investidora líquida internacional continua sendo ruim, o desendividamento do setor privado é muito lento e a Comissão adverte sobre o rápido acréscimo da dívida pública, apesar da bomba de oxigênio relacionado com a melhoria nos prêmios de risco.

A Espanha suspendia em novembro em seis indicadores: desemprego; câmbio; cota de exportação; investimento líquida internacional; dívida pública, e dívida privada. Naquele relatório, a Comissão celebrava o sucesso do resgate bancário, aplaudia as reformas e apreciava certa melhoria aqui e lá, mas urgia a prosseguir com a liberalização dos serviços e a completar a reforma fiscal, e reservava-se o veredito final sobre a reforma trabalhista. “Esse foco continua sendo válido”, segundo as fontes consultadas.

A surpresa, foi que o Executivo comunitário se atrevesse a submeter a Alemanha a vigilância por um superávit comercial de mais de 6% do PIB entre 2010 e 2012. Desde então, essa cifra só aumentou, o que situa a Alemanha dentro do chamado procedimento de desequilíbrios econômicos, um sistema de alerta no qual figuram uma dúzia de países (entre eles a Espanha, depois de sua saída da zona de máximo perigo). As multas, no caso de Berlim, estão quase descartadas. Mas os choques com a Alemanha são perigosos: mais ainda a cerca de 80 dias das eleições europeias.

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