O jogo se afasta do Barça
A equipe azul-grená, sem ardor e às vezes muito mal, supera um Almería inofensivo
O Barça assumiu um aspecto doentio desde que foi abatido pelo Valencia e perdeu o norte em San Sebastián. Às vezes joga bem e em alguns momentos mal, e até muito mal. Embora não tenha mostrado uma chama e seu futebol não convença, sem alegria e enganoso, a equipe transforma cada partida em um exercício de sobrevivência, ontem resolvido favoravelmente graças ao caráter inofensivo do Almería. A perplexidade é maiúscula quando faltam três semanas para a visita ao Bernabéu.
BARCELONA 4 X ALMERÍA 1
Barcelona: Valdés; Alves, Puyol, Mascherano, Adriano; Xavi, Busquets, Cesc (Iniesta, m. 79); Alexis (Pedro, m. 72), Messi y Neymar (Tello, m. 87). Não utilizados: Oier; Bartra, Jordi Alba e Song.
Almeria: Esteban; Rafita, Trujillo, Torsiglieri, Dubarbier; Aleix Vidal, Corona (Marcos Tébar, m. 72), Verza, Azeez (Suso, m. 80), Zongo; e Rodri (Helder Barbosa, m. 62). Não utilizados: Julián; Hans Martínez, Óscar Díaz e Mané.
Gols: 1-0. M. 9. Alexis. 2-0. M. 24. Messi. 2-1. M. 27. Trujillo. 3-1. M. 83. Puyol. 4-1. M. 89. Xavi.
Árbitro: Do Cerro Grande. Amonestó a Azeez, Corona, Adriano,Verza e Marcos Tébar.
Camp Nou. 58.930 espectadores.
A equipe foi contagiada pelo desânimo de muitos torcedores, incapazes de saber o que se passa com Messi, onde está Neymar, por que Martino não reage e o que resultou da renúncia de Rosell. A torcida não aguentou mais e depois do intervalo passou a vaiar os jogadores. A equipe precisou de um escanteio, num rebote aproveitado por Puyol, para cantar vitória. Com os atacantes abatidos e sem solidez para conduzir a partida, com ou sem bola, o Barcelona se apoiou na bravura de seu meio de campo, na sensatez de Xavi e no esforçado Alexis para ganhar uma disputa que teve momentos de autêntico thriller até a reta final, quando os capitães a encerraram com dois gols tão surpreendentes como os erros contínuos de Neymar nos chutes, incapaz de focar no gol, certamente atormentado pelas manchetes que falam do preço de sua contratação e não dos seus gols. Sobre o brasileiro e o Barça pesam a pressão, a perda de 10 pontos em um total de 21 nas últimas partidas e também a dificuldade para saber qual é a sua melhor formação em campo, sua versão definitiva, suas possibilidades para disputar o título da Liga.
Ao abrigo do Camp Nou, por mais vazias que estejam as arquibancadas (58.930 espectadores para 98.000 lugares) em tempos de referendum para o novo estádio, o Barça jogou ontem com três atacantes e não com dois pivôs nem quatro meio-campistas, como em Anoeta e Manchester. A noite convidava à ousadia depois do empate que se registrara pouco antes no Calderón. Ninguém apostava em uma equipe que perdeu em suas seis visitas ao feudo azul-grená como o Almería (301 euros a 1). O encontro parecia, consequentemente, um doce para o Barcelona. No final, durante alguns minutos, se transformou em um calvário para o Barça.
A equipe perdeu a elegância e sentido do jogo coletivo e continuou penando nas jogadas de estratégia, especialmente nos escanteios, tanto quando jogava Puyol (392 partidas por 391 de Migueli) como Piqué, como se constatou no gol de Trujillo: são oito tentos encaixados dessa maneira. Mantém, pelo contrário, seu ardor e intensidade quando precisam reclamar depois de uma derrota, e contam com solistas como Messi. O 10 transformou uma cobrança de falta de fora da área com um chute excelente, de uma grande plasticidade, fenomenal. O gol chegou num momento oportuno para o Barça, depois de que Alexis aproveitou um rebate de Esteban a um chute de Cesc: 1x0. O Barça atacava muito, sobretudo com Alves, e se anunciava uma goleada quando em um saque de esquina Valdés tomou o 2-1.
Neymar falhou continuamente nos chutes, incapaz de focar o goleiro
O Barça não conseguia avançar no futebol, impreciso nas associações e combinações, mas aceitável em atributos como o interesse e o ritmo. Ao jogo faltava um ponto de pausa, uma linha de passe mais limpa, também fluidez e um maior equilíbrio porque o Almería respondia com um escanteio a cada três chegadas do Barcelona. Nenhum jogador azul-grená simbolizou melhor a falta de acerto do que Neymar. O brasileiro quis transformar cada bola que tocou na jogada da partida. Neymar enfrentava a lateral, o meio de campo, o Almería inteiro, a todo o mundo se fosse necessário, empenhado em justificar seu preço e compatibilidade com Messi, que está há seis jogos consecutivos marcando um gol. O 11 se equivocou e expressou a falta de contundência do Barcelona.
O jogo foi esfriando e depois se enredando pela falta de autoridade do Barça. O intervalo fez muito mal aos rapazes de Martino, lentos e apagados no Camp Nou. A equipe caminhava, como se se tivesse esquecido de jogar futebol, irreconhecível no ataque e vulnerável na defesa, mais cômoda na recuperação do que na elaboração. Embora Xavi garanta a ordem ao redor da bola, não havia quem focasse em Esteban, por mais participativo que estivesse Alexis, generoso ao anular as marcações, goleador em uma equipe desfigurada (16 gols). A equipe do Barcelona se desconjuntou tanto que a torcida acabou por vaiar sem freios depois que Neymar defendeu uma bola como lateral esquerdo à sombra de Valdés.
Pautasso não reagia, tão paralisado como Martino, incapazes de corrigir a equipe na derrota e na vitória, como se não houvesse ninguém no banco do Barça; Até que a falta de oito minutos para o final em um escanteio colocado por Xavi, Messi cabeceou e Puyol aproveitou o lance para bater Esteban. O quarto gol de Xavi já estava garantido, depois do 3x1, já com Pedro e Iniesta em campo e o Cam Nou mais calmo. Ninguém perguntava pelo Madrid, mas pela partida de sábado em Valladolid.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.