Bento XVI: “Quem quer que se oponha ao casamento homossexual ou ao aborto é socialmente excomungado”
Papa emérito afirma em um livro lançado nesta segunda-feira na Alemanha que a sociedade moderna está em processo de “formular um credo anticristão”
“Cem anos atrás, todo mundo teria achado absurdo falar em casamento gay. Hoje, todo aquele que se opuser a ele é excomungado socialmente", diz Bento XVI em um livro lançado nesta semana na Alemanha. “O mesmo se aplica ao aborto e à criação de seres humanos em laboratório”, acrescenta o Papa emérito na entrevista que encerra a biografia Bento XVI - Uma Vida, com mais de mil páginas e escrita pelo jornalista Peter Seewald.
Bento XVI também expressa seu temor “do poder espiritual do Anticristo” e assegura que a real ameaça atual à Igreja vem de “uma ditadura mundial de ideologias aparentemente humanistas”. O Papa emérito, que anunciou sua renúncia ao pontificado em 11 de fevereiro de 2013, também aproveita o capítulo final do livro para se referir ao setor crítico que o acusa de participar de debates teológicos, minando a autoridade de seu sucessor, o papa Francisco. “A afirmação de que eu me intrometo regularmente em debates públicos é uma tergiversação maligna da realidade”, diz. Além disso, garante que sua amizade com o atual pontífice se fortaleceu: “Não só tem sido constante, mas cresceu”.
O livro Bento XVI - Uma Vida vai da infância e carreira acadêmica de Joseph Ratzinger até seu pontificado em 2005 e sua renúncia voluntária. Também revela detalhes da vida pessoal. “Alguma vez amou uma garota?”, pergunta o jornalista. Ao que o Papa emérito responde: “Talvez”. “Isto é um sim?”, insiste Seewald. “Pode ser interpretado dessa maneira”, acrescenta Bento XVI, especificando que não durou algumas semanas nem alguns meses, mas “mais tempo”.