_
_
_
_
_

Por que o grupo sanguíneo O Rh- é tão raro?

Somente 9% da população brasileira têm esse tipo, mas o porcentual muda conforme os países

Doação de sangue.
Doação de sangue.Servicio Ilustrado (Automático) (Europa Press)
Mais informações
Grifols
Doadores de sangue que superaram o coronavírus são a nova esperança contra a doença
Una investigadora de la Universidad de Chulalongkorn (Tailandia) sostiene una prueba de vacuna del coronavirus que se va a probar con monos.
O enigma das pessoas imunes ao coronavírus que não desenvolvem anticorpos
A girl, wearing a face mask due to the COVID-19 coronavirus pandemic, runs with another by the waterfront at al-Mamzar district in Dubai on May 14, 2020, as pandemic lockdown measures are eased in the Gulf emirate. (Photo by Karim SAHIB / AFP)
99% dos infectados pelo coronavírus geram anticorpos

Para responder à sua pergunta devo primeiro explicar o que são grupos sanguíneos e o que é o fator Rh. Trata-se de uma forma de catalogar o sangue com base nos antígenos que há na superfície dos glóbulos vermelhos. A primeira forma de classificar é mediante o sistema ABO, que identifica o sangue que possui antígenos A, o sangue que possui antígenos B, o sangue que possui os dois antígenos e o sangue que não possui antígenos, que é o O (ou zero). Quando dizemos que o sangue de uma pessoa é do grupo A é porque seus glóbulos vermelhos têm antígenos A na superfície, mas também há pessoas que têm sangue do grupo B, outras que têm do grupo AB e aquelas cujo sangue não contém antígenos A nem B, e isto é o que chamamos de O.

Se você não sabe o que são antígenos, aqui explico que são substâncias capazes de desencadear a resposta imunológica do organismo, ou seja, a produção de anticorpos.

Além do sistema ABO, o sistema Rh também ajuda a classificar o sangue e é composto por outros antígenos da superfície dos glóbulos vermelhos (o mais importante é o chamado antígeno D), cuja presença determina o que conhecemos como fator Rh. Dizemos que o sangue é Rh positivo quando esses antígenos estão presentes e Rh negativo quando eles não estão. É uma característica herdada, ou seja, o fator Rh que cada um de nós possui depende daquele que nossa mãe e nosso pai têm. E sim, como você diz em sua pergunta, Rh- é mais raro que Rh +, e isso se deve a uma questão genética.

Certamente você sabe que existem genes recessivos e genes dominantes. O gene que determina Rh+ é dominante e o gene que determina o Rh- é recessivo. As combinações dos quatro alelos (dois da mãe e dois do pai) podem ser diferentes em cada um dos progenitores: ambos positivos, os dois negativos ou um positivo e um negativo. Levando em consideração que o + é dominante e o - é recessivo, a combinação deles torna a probabilidade de um Rh- muito menos frequente que a do positivo, pois ambos os alelos têm que ser negativos.

Quanto à distribuição da população pela sua classificação sanguínea, é verdade que o O- não é muito frequente, mas não é o grupo mais raro. Na Espanha, por exemplo, estima-se que 8% da população seja O- (no Brasil, 9%), e muito menos pessoas têm sangue B ou AB tanto com o fator Rh + como com o fator Rh-. Por exemplo, o grupo AB com Rh- é encontrado só em aproximadamente 0,5% da população espanhola. Mas isso muda dependendo dos países.

Ter um ou outro tipo afeta unicamente as transfusões de sangue e os transplantes de órgãos, porque em ambos os casos o sangue precisa ser compatível. Mas, com exceção da gravidez, não afeta a saúde de nenhuma outra forma. Na gravidez, sim, é necessário conhecer o Rh da mãe e o do feto, pois se a mãe for Rh- e o feto for Rh +, pode ocorrer no recém-nascido uma doença chamada doença hemolítica. Mas, felizmente, para os casos em que o sangue da mãe e o do feto são incompatíveis, existe um tratamento eficaz que evita os problemas.

Mayte Olave Rubio é pesquisadora do Serviço de Hematologia do Hospital Clínico Lozano Blesa, de Zaragoza.

Pergunta enviada vía email por Ivón González

Nosotras Respondemos (Nós Respondemos) é um consultório científico semanal, patrocinado pela Fundação Dr. Antoni Esteve e o programa L’Oréal-Unesco ‘For Women in Science’ que responde às dúvidas dos leitores sobre ciência e tecnologia. As perguntas são respondidas por cientistas e tecnólogas, sócias da AMIT (Associação de Mulheres Pesquisadoras e Tecnólogas). Envie suas perguntas para nostrasrespondemos@gmail.com ou pelo Twitter #nosotrasrespondemos.

Coordenação e redação: Victoria Toro

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_