19 fotosPor que estes 20 filmes são os mais polêmicos da história do cinemaPelas paródias da religião, pelas cenas violentas e pelo alto conteúdo sexual estes filmes ainda continuam indignando muita genteMariló Garcia Martin07 out. 2018 - 22:36BRTWhatsappFacebookTwitterBlueskyLinkedinLink de cópiaDo que se trata. Um pesadelo onírico impossível de resumir. E isso que só dura 16 minutos. A polêmica. Antes de Buñuel causar comoção com a sátira contra a Igreja em “A Idade de Ouro” (1930) ou o anticatólico ‘Viridiana’ (1961), tramou com Dalí para criar em 1929 o que eles chamaram de filme “antivanguardista”. Escreveram o roteiro para que nada pudesse ser explicado racionalmente. Surrealista, com Dalí disfarçado de padre, ou aquelas sucessões de imagens que parecem saídas de uma mente febril (os burros mortos sobre pianos). O inesperado corte do globo ocular entrou na história do cinema porque os dois, como revelaram, só pretendiam contrariar o espectador. “Um Cão Andaluz” recebeu uma chuva de denúncias sob a alegação de ser obsceno e cruel. Na estreia, se Buñuel e Dalí pretendiam algo era ofender os bem-pensantes. Contaram que levaram pedras nos bolsos caso tivessem de se defender e que ficaram decepcionados quando não tiveram de fazer uso delas porque o filme fora apreciado pela maioria do público (embora tenha sido dito que uma mulher teve um aborto).Do que se tratai. Os membros de uma família em férias são sequestrados e torturados por dois jovens psicopatas. A polêmica. Se acreditávamos termos visto tudo com “Henry – Retrato de Um Assassino” (1986), Michael Haneke veio em 1997 com “Violência Gratuita” (do qual uma década depois faria um remake com Naomi Watts, Tim Roth e Michael Pitt). Dois jovens com luvas de golfe e aparente amabilidade invadem a casa de um casal com uma inofensiva, mas desde então inquietante, pergunta: “Você pode me emprestar alguns ovos?”. O que acontece a partir daí é uma concatenação de torturas selvagens de um sadismo incomum. O amargo thriller inspirou denúncias contra o cineasta por ser muito violento. Haneke defendeu-se argumentando que sua intenção não era rodar um filme de terror, mas um discurso sobre a violência que é transmitida nos meios de comunicação. De fato, escreveu um ensaio sobre o assunto chamado “Violência + Mídia”, que faz parte do livro “A Companion to Michael Haneke”.Do que se trata. Um apresentador e o produtor de um programa de televisão conseguem entrevistar Kim Jong-un, o ditador da Coreia do Norte. A CIA pede que eles o matem, embora os dois não sejam os melhores candidatos para fazê-lo. A polêmica. Evan Goldberg e Seth Rogen dirigiram em 2014 uma das tantas comédias polêmicas que rodaram, de novo, com amigos como James Franco. O que não esperavam, nem eles nem ninguém, é que a poderosa produtora Sony sofresse um ciberataque e inúmeras ameaças antes da estreia, obrigando-a a cancelá-lo. Tal foi a resposta do público, que não entendeu o recuo, incluindo o apoio de celebridades como Obama, que a Sony lançou o filme em vídeo. Não sem antes, e pela primeira vez em 25 anos por sugestão do presidente da empresa, refazer a cena do assassinato para que não ficasse demasiado sangrenta. A Netflix distribuiu o filme em vários países, exceto no Japão, por medo de represálias do país vizinho. Está proibido na Coreia do Norte.CordonDo que se trata. Sexta parte da saga de terror em que seus protagonistas sofrem o jogo macabro de Jigsaw. A polêmica. Não houve meias-tintas. Para alguns, é o melhor filme da franquia; para outros, uma continuação infame. Mas no que todos concordaram, além da intensa cena sangrenta do carrossel, foi condenar que na Espanha, “Jogos Mortais VI” (2009), de Kevin Greutert, fosse classificado como X por sua extrema violência, o que significava que só poderia ser exibido em cinemas pornográficos. Foi assim que a estreia de “Jogos Mortais VI” foi adiada até um ano depois, em 2010, quando uma nova distribuidora poliu os planos mais explícitos. Especificamente os de três cenas; entre elas, o de uma mulher que corta o próprio braço.CordonDo que se trata. Joe (Charlotte Gainsbourg) conta suas experiências de viciada em sexo a um homem que a encontra ferida na rua. A polêmica. O diretor dinamarquês Lars von Trier se meteu em mil confusões. A última, no mais recente festival de Cannes, com “A Casa que Jack Construiu”, onde conseguiu que uma centena de pessoas saísse da sala ao apresentar Matt Dillon como um assassino em série que mata mulheres e crianças, afirmando que as mulheres também têm culpa pelo machismo. Em 2013, a polêmica veio com “Ninfomaníaca”, lançada em duas partes e, como se fosse pouco, no Natal, com uma ninfomaníaca como protagonista. Embora os produtores tenham editado ou suprimido algumas cenas para evitar a censura (fazer um aborto com um cabide pode ferir sensibilidades), o filme foi proibido na Turquia, onde foi rejeitado por ser considerado mais uma obra pornográfica do que artística. Além disso, Charlotte Gainsbourg revelou em uma entrevista que o filme poderia ter sido ainda mais explícito. A atriz se recusou a masturbar um ator pornô e a dividir um plano com esse ator enquanto se masturbava.Do que se trata. Frankie (Frank Sinatra) sai da prisão e abandona o vício em heroína. Terá de ganhar a vida evitando sua antiga vida de crupiê, embora seja fácil. A polêmica.Para entender o impacto deste filme de Otto Preminger é preciso se colocar no contexto da época. O cinema havia mostrado o uso de drogas no início do século XX apenas em comédias. A maconha chegou a ser demonizada na década de 1930. “O Homem do Braço de Ouro” é o primeiro filme de Hollywood que fala diretamente e sem rodeios sobre o vício em drogas. E a mais pesada, a heroína. Baseado no romance de Nelson Algren, Preminger soube contornar a censura. Há antros, casas de penhor, o clube de striptease onde Molly (Kim Novak) trabalha, um salão de bilhar... Preminger estreou o filme antes de conseguir a aprovação dos censores porque acreditava que não estimulava o consumo. Pelo contrário, apresentava o vício de maneira negativa. Graças ao filme, a Associação Cinematográfica dos EUA modificou seu código para permitir que certos filmes explorassem temas até então polêmicos, como o abuso de drogas, o aborto e a prostituição. Sinatra foi indicado ao Oscar por experimentar seu “Trainspotting” particular.Do que se trata. O aquecimento global fez os oceanos cobrirem a Terra e os sobreviventes viverem em casas flutuantes, procurando por água potável. Quando é descoberto, o protagonista (Kevin Costner), meio humano e meio peixe, é condenado à morte. A polêmica. Não foi só controvertido porque era péssimo (o que deu origem a inúmeros comentários negativos, aproveitando a anedota nas manchetes: “fez água”, etc.), mas porque a rodagem do filme mais caro até a data (1995, até “Titanic”, em 1997) foi um pesadelo que arruinou o estúdio e quase acabou com a carreira de Kevin Costner. Gastar uma fortuna (175 milhões de dólares, cerca de 671 milhões de reais) não garante o sucesso e ainda menos com uma sucessão de inoportunas calamidades. O diretor, Kevin Reynolds, foi demitido por Costner, que assumiu seu lugar. Joss Whedon, o criador de Buffy, que trabalhou como roteirista não creditado, revelou que se limitou a tomar notas do que Costner lhe dizia e que as sete semanas que passou ali foram “um inferno”. Um furacão destruiu os sets, dublês quase se afogaram e até os próprios atores sofreram um ou outro percalço. Tudo porque Costner exigiu rodar em alto mar e não em um tanque artificial, para não mencionar o capricho que se permitiu ao retocar sua calvície com efeitos digitais.Do que se trata. A história de dois adolescentes nova-iorquinos em uma orgia de sexo e drogas. A polêmica. Com roteiro de Harmony Korine (autor do contundente “Ken Park”), o diretor Larry Clark surpreendeu em 1995 com este drama explícito com estética de documentário (ele pretendia que o fosse) e elenco amador (destacam-se Chloë Sevigny e Rosario Dawson) sobre um dia na vida de um grupo de delinquentes juvenis, que roubam e se drogam, diante da permissividade da polícia. Um deles, Telly, se autodenomina “cirurgião virgem”, pois tem a missão de se deitar com virgens como Jennie (Sevigny), de 13 anos, sem se importar com doenças sexualmente transmissíveis ou AIDS. Foi classificado para maiores de 17 anos e, para parte da crítica na época da estreia, “Kids” roçava a pornografia com menores. CordonDo que se trata. Comédia divertidíssima do Monty Phyton, que parodia a origem do cristianismo. Tudo começa quando Brian (Graham Chapman) é confundido com Jesus Cristo. A polêmica.Os cômicos ingleses parodiam o cristianismo com cenas tão memoráveis quanto a do grupo de homens crucificados cantando “Always Look on the Bright Side of Life”. Proibido no Reino Unido e em algumas partes dos Estados Unidos, o filme foi acusado de blasfêmia por zombar do sofrimento do Messias. Enquanto alguns o atacaram, outros aproveitaram a situação para promovê-lo, como fizeram na Suécia: “O filme é tão engraçado que foi proibido na Noruega”. Antes da estreia, a produtora, temendo o escândalo, decidiu engavetar o filme e esperar. O beatle George Harrison, fã do Monty Phyton, pagou vários milhões de libras para que o filme seguisse adiante.Do que se trata. A visão de Martin Scorsese sobre a figura de Jesus Cristo, um homem que faz milagres, mas também tem dúvidas e desejos sexuais. A polêmica. Não tem a violência gore de “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson (2004), mas, para alguns, tem algo pior. Saindo de seu estilo, Martin Scorsese decidiu humanizar Jesus Cristo (Willem Dafoe), o qual imagina tendo relações sexuais com Maria Madalena. Depois da estreia, um grupo fundamentalista cristão francês atacou em um cinema em Paris, ferindo treze pessoas. Foi proibido na América do Sul até bem entrado o século XXI e os cristãos conservadores nos EUA usaram o filme para se reafirmarem depois dos escândalos dos televangelistas dos anos 80. Por isso, algumas cidades os EUA tentaram tomar medidas legais contra o filme. Em Pensacola foi aprovada uma resolução pela qual o filme não poderia ser projetado, embora um juiz a tenha anulado horas antes da estreia. A reação antissemita veio com um grupo de fundamentalistas que queimaram cruzes no gramado do produtor, que era judeu (Harry J. Ufland). O boicote de vários grupos religiosos, como a Liga Católica, encorajou o público a não pisar nos cinemas que o apresentassem. O filme continua proibido nas Filipinas.Do que se trata. Adaptação do romance de William Peter Blatty, baseado em um exorcismo real de 1949, em que um padre tenta ajudar uma adolescente possuída pelo diabo. A polêmica. Ainda hoje, “O Exorcista” (1973) contém algumas das cenas mais perturbadoras já feitas, como aquela em que Regan (Linda Blair) se masturba com um crucifixo em frente da sofrida mãe (Ellen Burstyn), ou grita ao padre lindezas como “Mete seu pau no meu cu, maldito porco degenerado”. Tudo por culpa de Pazuzu, que nunca é nomeado, mas cuja imagem diabólica aparece subliminarmente em vários fotogramas. Considerado o melhor filme de terror da história, foi na época uma obra maligna e satânica, um “pornô religioso”. O filme de William Friedkin disparou todo tipo de boatos, como o que Linda Blair sofria de uma doença mental resultante de uma possessão demoníaca. Ellen Burstyn, cujas quedas são reais ao ponto de ter sido hospitalizada, confessou que o filme era amaldiçoado (houve pelo menos nove acidentes durante as filmagens). Do que se trata. A hilariante rivalidade entre um criminoso bizarro (Divine), que vive em um trailer com a mãe doente mental e o filho delinquente, e um casal de perturbados que quer demonstrar quem é o mais imundo do mundo. A polêmica. Se de “Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão”, de Pedro Almodóvar, nos lembramos da chuva dourada que Alaska descarrega por indicação de Carmen Maura, do filme transgressor do rei do mau gosto John Waters ficamos com Divine devorando o cocô de um poodle. Não é a única cena desagradável de “Pink Flamingos” (1972). Outros grandes exemplos de estilo trash são o primeiro plano de um asno falante cujo dono jamais foi revelado (Santiago Segura faria uma homenagem especial a ele em “Torrente”) e a cena de sexo com galinhas (da qual Danny Milles se arrependeu toda a vida). Escatológico, indecente, fuleiro... Em todas as sessões do filme nos EUA eram fornecidos sacos de vômito, algo que deu um prazer especial a John Waters, porque para ele o som de vomitar era o equivalente a uma ovação. Divine nunca deixaria de receber caixas cheias de fezes de fãs que pensavam que era realmente o que comia. Do que se trata. Narração dos fatos mais significativos da história dos EUA a partir de um ponto de vista bastante racista. A polêmica. Pode-se considerar “O Nascimento de uma Nação”, como o primeiro blockbuster da história e o filme que lançou as bases do cinema tal como o conhecemos. Dividido em duas partes, primeiro narra o enfrentamento entre duas famílias durante e depois da guerra civil e, em seguida, a reconstrução com a abolição da escravatura. Mas o diretor, D. W. Griffith, foi tão pioneiro no cinema quanto racista, e essa adaptação do romance “The Clansman”, de Thomas Dixon (com atores brancos com o rosto pintado de preto), acaba sendo uma homenagem ao Ku Klux Klan, promovendo a supremacia branca e demonizando os negros (especialmente os mulatos). Depois do filme, de fato, o Ku Klux Klan ressurgiu nos EUA. Do que se trata. O assalto a um banco por um bando de criminosos não sai como eles esperavam. A polêmica. Da elogiada estreia de Quentin Tarantino é impossível esquecer a conversa sobre Madonna, o estilo dos gângsteres elegantes e a sádica cena do senhor Blonde (Michael Madsen) cortando a orelha de um policial ao som de “Stuck in the Middle with You”. Filme cult depois, “Cães de Aluguel” (1992) foi criticado na estreia porque efetivamente exaltava a violência. Até Wes Craven, conta-se, saiu da sala durante uma projeção. Lenda ou realidade, a verdade é que o diretor novato poderia ter sido mais explícito, porque eliminou algumas cenas alternativas, com ângulos diferentes, do corte da orelha: uma delas era inclusive muito mais forte. Nos extras do DVD explica-se que Michael Madsen ficou realmente desconfortável com a cena. Kirk Baltz, o policial, improvisou a ideia de ter um filho e Madsen recusou-se a continuar porque havia se tornado pai recentemente. Baltz propôs colocá-lo no porta-malas e percorrer a cidade como se o tivesse sequestrado de verdade. Isso ajudou Madsen a entrar no papel, ao ponto de dirigir entre buracos e parar em um Taco Bell, onde comprou uma bebida. Esse refrigerante é o que aparece na cena. Do que se trata. Baseado no romance de Gordon M. Williams, um professor tímido (Dustin Hoffman) se muda com a esposa (Susan George) para a aldeia inglesa onde ela nasceu. O pior não é o tédio, mas os agressivos caipiras do lugar. A polêmica. Uma única cena, a do estupro da esposa por um ex-namorado e um morador do lugar, fez correr rios de tinta em 1971. A censura teve o efeito contrário, porque depois da tesoura parecia que a vítima tinha gostado do assalto. Poderia ter sido pior. Ao contrário de Bertolucci, Sam Peckinpah não conseguiu enganar Susan George. Embora inicialmente pretendesse esconder-lhe como a cena seria rodada, ela pressionou. Quando o diretor lhe disse que ela seria estuprada e depois sodomizada, ela se recusou a rodar e ameaçou abandonar as filmagens. Finalmente aceitou, com uma condição: que o trauma fosse mostrado no rosto e não no corpo. O escritor (Gordon M. Williams), incomodado com a adaptação, prometeu não vender os direitos de nenhuma de suas obras a um norte-americano. Nem um pouco fã de filmes violentos, Dustin Hoffman também mostrou irritação, dizendo ter aceitado o papel por dinheiro. A edição em vídeo de “Cães de Palha” ficou proibida na China até 2002. CordonDo que se trata. Um grupo de documentaristas desaparece na floresta amazônica enquanto filmava uma reportagem sobre tribos canibais. Um grupo de resgate faz uma segunda expedição. A polêmica. A raiz do imbróglio de “Holocausto Canibal” foi provocada pelo próprio diretor, Ruggero Deodato, durante a promoção do filme, ao incentivar seus atores a dizer que o repulsivo filme em que se veem pessoas empaladas e animais mortos era uma espécie de documentário. O italiano foi preso sob a acusação de obscenidade e assassinato, acusado de rodar um snuff (filme em que há mortes reais). Extremamente repulsivo, é o precedente de filmes como “A Bruxa de Blair”, embora em sua busca pela autenticidade tenha cruzado uma linha vermelha. A censura no Reino Unido cortou as cenas em que seis animais são sacrificados. Carl Gabriel Yorke (Alan) disse que aceitou fazer o filme sem ter nenhuma ideia do que se tratava e Perry Pirkanen (Jack) confessou ter terminado traumatizado e chorando depois de atacar uma tartaruga. Do que se trata. Baseado no romance de Anthony Burgess publicado em 1962, conta as descerebradas aventuras de um bando de violadores e criminosos liderados por um ultraviolento sociopata (interpretado por um convincente Malcolm McDowell). A polêmica. Foi o próprio diretor, Stanley Kubrick, que pediu a retirada do filme dos cinemas do Reino Unido, chegando a processar as salas que tentassem projetá-lo. O diretor tomou essa insólita decisão depois de receber furiosas ameaças de morte e da insinuação de que seu filme tinha causado ao menos dois crimes: o estupro de uma menina holandesa por homens entoando “Cantando na Chuva” (imitando a cena mais polêmica do filme) e o ataque de um adolescente vestido com o icônico look do protagonista. Para colocar mais lenha na fogueira, o autor do livro, Anthony Burgess, também relacionou o filme a esses crimes, qualificando a adaptação de “pornográfica”. “Uma vergonha cujo principal valor de entretenimento é o estupro”, disse Burgess. “Laranja Mecânica” só foi lançado na Espanha depois do fim da ditadura e no Reino Unido só depois da morte de Kubrick, em 1999. CordonDo que se trata. Em uma mansão, quatro libertinos fascistas, quatro prostitutas e um grupo de prisioneiros menores de idade passam 120 dias de devassidão absoluta, que inclui torturas e a morte de quem não segue as regras. A polêmica. Para a maioria da crítica cinéfila, “Salò ou os 120 Dias de Sodoma”, de Pier Paolo Pasolini, é o filme mais polêmico da história do cinema. Um coquetel brutal de violência, sexo e destruição, cujo único objetivo é incomodar o espectador. “Calígula” (1979) seguiu seus passos anos depois, mas esta adaptação da obra do Marquês de Sade, ambientada na Itália fascista de 1944, leva a palma. Tachado de “pornografia infantil”, foi proibido em metade da Europa e ainda continua censurado em alguns países. De acordo com Pasolini, as cenas de coprofilia (como aquela em que uma menina come com uma colher a merda defecada por um dos fascistas) eram uma crítica à indústria do fast food. O diretor não pôde conhecer a repercussão de sua polêmica obra porque foi assassinado antes da estreia. Anos depois, foi lançada uma versão integral que inclui cenas reais de sexo.Do que se trata. Dois estranhos, um viúvo norte-americano (Marlon Brando) e uma jovem parisiense (Maria Schneider), se entregam à paixão em um apartamento vazio. A polêmica. Com comida não se brinca. Troquemos os morangos do erótico “Nove Semanas e Meia” por um tablete de manteiga na cena mais infame de “O Último Tango em Paris”. Não é a mesma coisa, não. E menos quando Maria Schneider revelou que suas lágrimas são reais, pois Marlon Brando e diretor, Bernardo Bertolucci, tramaram para mantê-la à margem. O diretor queria que a reação da atriz fosse tão autêntica quanto a de “uma garota”. Originalmente, Bertolucci queria ter mostrado uma relação homossexual, mas o ator francês Jean-Louis Trintignant se recusou a fazer o filme. O fato de a incômoda sequência da manteiga ter sido mantida remete a essa ideia. O filme foi proibido em vários países, inclusive na Espanha, onde só pôde ser visto depois da morte de Franco. Na Itália, seu país de origem, foi pior: as cópias foram confiscadas e destruídas; Bertolucci foi condenado e Brando exilado. A proibição foi levantada em 1987.