Qual era a ideia? O filme mais caro da história do cinema espanhol até o ano de 1988 (1 bilhão de pesetas, cerca de 6 milhões de euros ou 28,2 milhões de reais) recorria a um dos mais fascinantes aspectos da nossa cultura e, paradoxalmente, menos explorados pelo cinema: a história anterior ao século XX.
O que deu errado? Para revisitar o mito pré-colombiano da cidade perdida de El Dorado, Carlos Saura filmou na Costa Rica, mas acabou enfrentando sua própria façanha. O clima destruiu os cenários, a chuva e o calor tornaram a experiência extenuante, as greves de alguns dos 400 figurantes locais (que reclamavam das condições insalubres, da comida ruim e das jornadas de 12 horas diárias com roupas pesadas e encharcadas) e os atrasos prolongaram as filmagens até cinco meses. A tensão entre Saura e sua equipe (“o diretor de fotografia preparava 300 figurantes para uma grande cena épica e o diretor só rodava planos fechados, íntimos”, lembrava um ator) era diária e o orçamento foi ultrapassado. As festas, isso sim, também eram diárias segundo contavam os trabalhadores.
Como a coisa acabou? 'El Dorado' estreou em Cannes, foi um fracasso de bilheteria e perdeu as nove indicações técnicas aos prêmios Goya em que concorreu.
Na imagem, o ator Omero Antonutti com uma muito jovem Inés Sastre em uma cena do filme.