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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

OPEP perde o controle

A economia europeia não responde à queda dos preços do petróleo

Mariscal (EFE)

A queda do preço do petróleo (que atingiu cerca de 36 dólares, aproximadamente 140 reais) deve ser entendida como um sintoma de que o mercado mundial de petróleo busca um novo modo de comportamento, distante do tradicional domínio da oferta exercido pela OPEP. O que começou como um drible curto do cartel destinado a combater a viabilidade econômica do fracking e impor uma derrota a países como Rússia e Venezuela pelo método de manter os preços baixos que levassem a uma brutal redução da sua receita acabou saindo totalmente do controle da OPEP devido ao surgimento de novos fatores estratégicos (desaceleração chinesa, estagnação na prática na Europa, guerras internas nos países árabes) e à irrupção de acordos globais para substituir os combustíveis fósseis.

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Em suma, um mercado tradicionalmente dominado pela oferta está mudando rapidamente em direção a uma dominação da demanda. A incerteza econômica está mudando as modalidades de aquisição; o longo prazo é abandonado e substituído por contratos de curto prazo. E os países produtores não podem manobrar com as extrações como fator de encarecimento porque alguns deles iriam à beira da falência em caso de redução da receita.

As previsões mais realistas descartam uma recuperação dos preços no curto prazo. Poucos acreditam que a cotação atinja os 60 dólares nos próximos dois anos e as consequências para os países que vivem principalmente do petróleo podem ser devastadoras. A Arábia Saudita tem reservas financeiras para aguentar dois ou três anos de queda nas receitas, mas não é o caso de outros emirados e países produtores.

A situação da economia europeia é mais complexa, uma vez que não atinge taxas elevadas de crescimento apesar do baixo preço do petróleo. Esses dados parecem apontar para um longo período de estagnação na zona do euro e para um ajuste no mercado petrolífero no médio prazo.

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