O novo celular de cerâmica que quer conquistar o público comum
O ‘X’ herda especificações do OnePlus One e chega com uma versão feita de cerâmica
“Não nos consideramos uma marca chinesa, mas uma empresa global”. Tendo em conta que sua matriz está em Shenzhen e que seus terminais são fabricados nas instalações da empresa chinesa OPPO em Dongguan, as palavras do cofundador da OnePlus, Carl Pei, podem soar a bravata. Mas fizeram sentido nesta quinta-feira em Londres e Jakarta (Indonésia), onde o fabricante de celulares apresentou o terminal com o qual dá uma virada e sai à conquista da faixa média. O X é um smartphone que herda algumas especificações do primeiro modelo da marca, o One, e que chega com uma curiosa surpresa: terá uma versão de cerâmica.
O processo de fabricação do material, segundo a marca, dura 25 dias, e começa com um molde de zirconita de apenas 0,5 milímetro de espessura. A empresa explicou também que a cerâmica é cozida a quase 1.500 graus por quase 28 horas e deixada resfriando por dois dias. Em seguida, cada corpo do X passa por três processos de polimento diferentes, até não sobrar nenhuma imperfeição. De cada 100 corpos cerâmicos fabricados, só 20 passam pelos controles de qualidade.
O resultado é um material com uma dureza de 8,5 na escala de Mohs, equivalente ao topázio, que é resistente a arranhões. Apesar disso, o X de cerâmica pesa apenas 160 gramas. E mais leve é ainda a versão em cristal negro, chamada Onyx. O terminal mais leve e fino do OnePlus pesa 138 gramas.
Com o X, a OnePlus procura transcender seu atual nicho de mercado, sobretudo o de fãs da tecnologia, para chegar a um público mais amplo
Ambos contam com uma tela FHD Amoled de 5 polegadas e incluem o processador Snapdragon 801 da Qualcomm, com 2,3 gigahertz, que é um dos mais estáveis do mercado e que também foi utilizado no One. Uma de suas vantagens é que não tem os problemas de aquecimento de seus sucessores, sobretudo o 810 do OnePlus 2, e que parece mais estável que o 820, cujos problemas poderiam estar causando o atraso na apresentação do esperado Xiaomi 5. O cérebro do X se completa com 3 gigas de memória RAM e uma memória interna de 16 gigas que pode ser ampliada para 128 com um cartão MicroSD. A razão de ter incluído uma tela de 5 polegadas, em vez de 5,5 como as usadas no One e no 2, é que existe demanda para celulares menores.
Além disso, como já é o padrão para os celulares chineses, o aparelho pode utilizar dois cartões SIM 4G de uma vez, uma função ideal para quem utiliza um número pessoal e outro profissional ou para quem viaja e querem utilizar um cartão local sem ter que renunciar ao de casa. Quanto às câmeras, surpreende a qualidade da anterior – a dos selfies –, já que conta com uma óptica luminosa – f 2.4 – e um generoso sensor de 8 megapixels. A câmera principal, como acontece nos outros modelos da marca, tira fotos de 13 megapixels e faz vídeos em qualidade FHD. Finalmente, o X incorpora uma entrada USB-C e uma das características mais úteis de seu irmão mais velho, o botão lateral que permite decidir que notificações chegam ao usuário sem ter que olhar a tela: todas, só as marcadas como prioritárias, ou nenhuma.
Apesar de não se tratar de um terminal low cost, um dos grandes atrativos do novo OnePlus está no preço. Quando for lançado na Europa, no próximo dia 5, custará 269 euros na versão de cristal e 369 na de cerâmica, que estará limitada a 10.000 unidades. Isso é o que vai pagar quem puder adquirir um, claro, porque a marca mantém a polêmica estratégia de compra com convite. O sistema permite à empresa demarcar a produção com muito pouca margem de erro e evitar ficar com um excedente, mas é uma tortura para os clientes, que têm de mendigar pelos convites em fóruns, concursos na Internet, ou através de amigos que já tenham adquirido o terminal.
“Atualmente, a concorrência no setor é muito elevada e as margens de lucro, muito pequenas. É evidente que algumas das empresas regidas por modelos tradicionais terminarão desaparecendo”, justifica Pei ao EL PAÍS, talvez com casos como Nokia, Blackberry, ou HTC – da qual já roubou funcionários – em mente. “Embora talvez tenhamos subestimado a demanda em nossas previsões e isso tenha resultado em frustração para muitos, nosso modelo funciona porque conseguimos reduzir ao mínimo os custos desnecessários e oferecemos um bom serviço”. A respeito disso, o cofundador reforça que a empresa abriu um centro logístico no Reino Unido para atender os clientes europeus, de forma a agilizar tanto os trâmites de venda como os da assistência técnica.
Inclui o processador Snapdragon 801 da Qualcomm, de 2,3 gigahertz, um dos mais estáveis do mercado e que também foi utilizado no One
No entanto, entre as desvantagens do X está o sistema operacional. O Oxygen é uma capa Android que o OnePlus vem desenvolvendo desde que, depois de uma amarga disputa na Índia, rompeu seu acordo com o Cyanogen. E é evidente que ainda está em sua infância. Embora inclua interessantes inovações como o Shelf, uma tela que aparece à direita da inicial e permite um acesso rápido aos aplicativos e contatos mais utilizados, se revela menos intuitiva e personalizável que concorrentes diretos como o MIUI da Xiaomi ou a Color VOS da OPPO. Apesar disso, as atualizações são constantes e as melhoras em aspectos como o controle da câmera vão chegando aos poucos.
“As especificações técnicas são cada vez menos importantes nos telefones celulares. Agora, os elementos que fazem a diferença em um mercado cada vez mais saturado são o software e o design”, afirma Pei. “Em nosso caso, além disso, um elemento diferenciador adicional é a base de fãs que fomos criando, e que é o que nos tem feito realmente globais. De fato, de início, estávamos convencidos de que 90% das vendas seriam feitas na China, mas a realidade nos mostrou que nosso principal mercado é o dos Estados Unidos. Assim tivemos de modificar nossos recursos para dar mais atenção ao mercado internacional, que é onde vendemos 92% de nossos celulares durante o primeiro trimestre”, acrescenta.
Sem dúvida, com o X, a OnePlus procura reforçar sua presença global e transcender seu atual nicho de mercado, composto sobretudo por fãs da tecnologia, para chegar a um público mais amplo. Mas sua estratégia também desperta dúvidas, porque o crescimento da empresa está limitado pelo próprio sistema de convites e porque o mercado está cada vez mais saturado de terminais com características e preços similares.
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