Assim será o supereclipse da Superlua esta noite

A distância entre a Lua e a Terra não é sempre a mesma devido ao fato de que a órbita do nosso satélite não é circular, e sim elíptica. Pegando o período de 5.000 anos, desde o ano -1999 até o 3000, a distância do perigeu lunar (mínima distância Terra-Lua) já variou entre 356.355 e 370.399 km, enquanto o apogeu lunar (máxima distância Terra-Lua) já esteve entre 404.042 e 406.725 km (Five Millennium Catalog of Solar Eclipses, Espenak and Meeus, 2009).

Por definição, acontece uma Superlua quando a Lua cheia ocorre perto do perigeu lunar (normalmente com menos de dois dias de diferença). Apesar de ser verdade que durante as Superluas a atração gravitacional lunar é maior, o único efeito sobre o nosso planeta é observado em marés mais agitadas. O aumento gravitacional continua segundo fraco demais para causar perturbações geológicas (terremoto, tsunamis...).

Fazendo os cálculos, podemos perceber que não é raro que a Lua cheia aconteça perto do perigeu. De fato, costumam ocorrer de três a cinco Superluas por ano, das 12 ou 13 possíveis (ver tabela de astropixels.com). Durante o ano de 2014 tivemos cinco Superluas, o mesmo número de 2015, enquanto em 2016 serão apenas quatro. A maior Superlua do século XXI acontecerá em 6 de dezembro de 2052, com a Lua a uma distância de 356.429 km.

Durante as Superluas, o diâmetro da Lua cheia pode aumentar em até 14%, e seu brilho, em cerca de 30%, com relação a uma Lua cheia no apogeu. A pergunta é: podemos perceber a mudança a olho nu? Para responder devemos calcular a mudança angular aparente na Lua cheia. No melhor dos casos, a diferença de tamanho angular da Lua cheia no apogeu e no perigeu (Supelua) é de 4 minutos de arco. Como referência, podemos usar o tamanho que ocupa (no céu) nosso dedo mindinho, quando o observamos com o braço esticado, que é de sessenta minutos de arco (um grau). Em média, a Lua tem um tamanho angular (diâmetro aparente) de 30 minutos de arco (a metade do dedo mindinho!).

Teremos que esperar quase três anos para que o alinhamento volte a ocorrer com o eclipse lunar total

Portanto, na situação mais favorável, uma Superlua terá um diâmetro de 4 minutos de arco maior que uma Lua cheia no apogeu, ou seja, o aumento de diâmetro angular da Superlua é de apenas a décima quinta parte do tamanho angular de nosso dedo mindinho. Como é muito difícil distinguir a olho nu, é necessário tirar fotografias para ver a mudança.

Se a Lua cheia e o crepúsculo solar estiverem próximos (uma diferença aproximada de 7 horas), será possível observar, simultaneamente, a sombra do Teide e a Lua cheia.

Se, além disso, o momento da Lua cheia coincidir com o nascer ou o pôr do Sol, poderemos observar um alinhamento (aproximado) entre a sombra do Teide e a Lua cheia. Para saber as datas mais propícias a este alinhamento é preciso calcular a diferença em horas entre o momento em que surge a Lua cheia e os crepúsculos (ver Anexo I, tabela 1, neste artigo).

Durante as Superluas, o diâmetro da Lua cheia pode aumentar 14%, e seu brilho, cerca de 30%

Um eclipse total da Lua ocorre quando Sol, Terra e Lua estão na mesma linha (e nessa ordem); portanto, a fase da Lua será a cheia. Quando o eclipse total da Lua acontece no nascer ou no pôr do Sol, podemos observar um alinhamento perfeito entre a sombra do Teide e a Lua em eclipse. Esse fenômeno ocorreu no eclipse total da Lua de 9 de janeiro de 2001 e vai se repetir na madrugada desta segunda-feira, 28 de setembro. Além disso, teremos uma Superlua (a maior dos últimos quatro anos). Depois, teremos que esperar quase três anos para que o alinhamento volte a ocorrer, no eclipse lunar total de 27 de julho de 2018.