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OnePlus ‘Two’, o novo smartphone que ameaça a Apple e a Samsung

Marca chinesa lança o segundo modelo e inova com USB-C reversível e sensor de câmera

“Estamos tão convencidos do valor de nosso produto que o anunciamos como o ‘2016 flagship killer’ [assassino de carros-chefes de 2016]. Porque acreditamos que suas características não encontrarão rivais nem mesmo no ano que vem”. Carl Pei, cofundador da OnePlus, não usa meias palavras ao explicar numa entrevista ao EL PAÍS os pontos fortes do Two, o celular que apresentou nesta terça-feira. Sem dúvida, havia grande expectativa por conhecer o segundo aparelho dessa startup chinesa que no ano passado revolucionou o mercado Android com seu modelo inaugural, o One, e abalou o império da Apple e da Samsung. Passaram-se 400 dias desde então, um período inimaginável para qualquer outra marca, e não decepcionou. “É verdade que no mercado atual é muito tempo, mas fizemos um grande número de mudanças e cada um atrasa a produção entre duas e três semanas. Queríamos dispor de um produto genuinamente diferente, porque hoje todos os celulares se parecem”.

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De fato, a OnePlus se diferenciou da concorrência até na encenação do lançamento, já que decidiu retransmiti-lo por meio de um aplicativo especial para celular utilizando a última tecnologia de realidade virtual. “No princípio pensamos em organizar uma conferência convencional em São Francisco. Mas nossos clientes estão em todo o mudo, e encontramos nessa técnica a solução adequada para não dar as costas a ninguém. Era um risco, porque ninguém fez isso até agora, mas queremos ser pioneiros”, explica Pei. A OnePlus fabricou 30.000 visores que pôs à disposição de seus seguidores de forma gratuita —só cobrou pela entrega—, e a experiência bem-sucedida pode marcar um ponto de inflexão na indústria.

Na Europa o Two custará 399 euros em sua versão de 64 gigas e 339 euros na de 16 gigas

A mesma coisa acontece com o celular em si, cujas características o tornam um dos mais avançados e potentes do mercado. Trata-se do primeiro smartphone que inclui 4 gigas de memória RAM do tipo DDR4 e uma nova versão —que não esquenta— do processador mais potente da Qualcomm, o Snapdragon 810 de 8 núcleos a 1,8 Ghz. O Two inaugura também o uso da entrada USB-C em celulares e, além disso, ele esconde uma grande surpresa. “É reversível nos dois extremos. Isso quer dizer que tanto faz como o conectamos, não há duas partes diferentes”, explica Pei, orgulhoso de um pequeno avanço que patenteou. “Outro dos elementos exclusivos de nosso aparelho é o sensor da câmera, que é o maior do mercado”, ressalta o executivo.

O melhor e o pior

O melhor

O pior

1. A câmera. Com o maior sensor do mercado, uma óptica luminosa, estabilizador óptico e foco laser, garante imagens de grande qualidade que, além disso, podem ser feitas em modo manual e guardar em formato RAW.

2. O botão lateral. É uma novidade muito interessante porque permite escolher as notificações que queremos receber sem sequer sacar o aparelho.

3. A velocidade. Com 4 GB de RAM, arquitetura de 64 bits e um cérebro de oito núcleos a 1,8 Ghz, os amantes mais exigentes de jogos não poderão fazer reclamações a esse respeito.

1. O desenho. Não se diferencia em grande medida dos outros celulares e até copia o botão de sensor de impressões digitais do Meizu. A parte traseira também tem aparatos demais.

2. O preço. Ainda que esteja longe dos flagships da Samsung e da Apple, a 399 euros [1.475 reais], o OnePlus 2 adiciona 100 euros ao One e se distancia da concorrência chinesa, que, com o Xiaomi e o Meizu à frente, oferece aparelhos muito decentes por 100 euros a menos.

3. Snapdragon 810. A empresa garante que a nova versão do chip da Qualcomm não esquenta como acontece com outros celulares, mas o Meizu, por exemplo, decidiu não utilizar esses recursos em seu último modelo "porque sua qualidade não está à altura do aparelho". Veremos.

O número de megapixels, 13, não surpreende. “A qualidade de uma fotografia não depende só de quantos pixels tem, mas do desempenho da câmera”, justifica Pei. “Nós preferimos nos concentrar nesse segundo ponto e usamos pixels 35% maiores do que os habituais nos celulares, de forma que captam muito melhor as imagens em condições de pouca luz”. Além de contar com uma óptica de seis elementos muito luminosa (f 2.0), a câmera incorpora um estabilizador óptico, que ajuda a obter imagens nítidas e vídeos sem movimentos incômodos de qualidade de até 4K, e um foco automático por laser que demora menos de 0,3 segundo para preparar a câmera para o disparo. Como se não fosse o suficiente, o aplicativo que o OnePlus desenvolveu no próprio sistema operativo —Oxygen OS, baseado em Android 5.1— para controlar a tomada de imagens permite fazer vídeos em câmera lenta —120fps em resolução 720p—, e captar imagens compostas de até 50 megapixels.

A OnePlus também entrou na onda dos leitores de impressões digitais e afirma que é o mais rápido do mercado, mais até que o do iPhone 6. “No fim do dia, desbloqueamos o celular várias vezes e calculamos que isso acarreta uma importante perda de tempo ao longo da vida útil do aparelho. A tecnologia Touch ID não só melhora a segurança, mas também é mais cômoda”. Além disso, Pei está convencido de que esse tipo de tecnologia já está madura para que se popularize, sobretudo nas compras online. “Se não bastasse, queremos que seja possível passar a informação de um aparelho para outro, de forma que, quando formos trocar de celular, não tenhamos que ler de novo as impressões digitais e todos os elementos de segurança”, acrescenta.

Outra das novidades trazidas pelo Two está na lateral metálica, onde está instalado um botão deslizante com três posições que serve para controlar os alertas que o usuário recebe. “Acontece frequentemente estarmos numa reunião e o telefone tocar. Com a nova função, podemos escolher como queremos receber as notificações sem sequer sacar o celular, porque podemos controlá-lo de dentro do estojo”, explica Pei.

Os viajantes também agradecerão que o Two seja dual SIM, de forma que possam manter um cartão em casa e leve um segundo, local ou de dados, para economizar em custos. E os dois são 4G.

O que realmente surpreende é que a tela de 5,5 polegadas agora tenha uma resolução FHD (1920x1080) quando muitos de seus competidores já adotaram o QHD. “Para nós a razão é muito clara: o olho humano mal distingue a diferença e aumentar a densidade de pixels reduz a vida da bateria—o Two incorpora uma de 3.300 mAh”, explica Pei em mais uma mostra de que a jovem empresa decidiu ir contra a corrente. “A verdade é que nos sentimos como um grupo de rock que teve muita sorte com o primeiro disco —foram vendidos 1,5 milhão de aparelhos One, muito mais do que os 100.000 previstos— e que agora joga suas fichas no segundo”, comenta esse jovem nascido em Pequim que cresceu na Suécia e não tem título universitário, embora tenha estudado durante três anos numa universidade de Estocolmo, e se desloca utilizando o Uber e o AirBnB.

A companhia vendeu 1,5 milhão de unidades do One, muito mais do que os 100.000 previstos

A empresa OnePlus se parece com ele. “Não nos consideramos uma empresa chinesa, ainda que tenhamos dois escritórios em Shenzhen. Com a internet isso já não é mais relevante. Somos uma empresa global, com uma equipe jovem e multinacional que cresce rapidamente. No início aconteceu algo curioso: estávamos convencidos de que 90% de nossas vendas seriam na China e nos preparamos para isso. No entanto, no primeiro trimestre deste ano nós vendemos 92% dos celulares para fora do país.” E agora, pretendem seguir o mesmo caminho.

Entrada USB-C.
Entrada USB-C.OnePlus

Por enquanto o Two só pode ser obtido, como aconteceu com o One, mediante convite. É um sistema que trouxe grandes críticas à OnePlus porque “os usuários diziam que o One era um celular unicórnio, isto é, impossível de comprar!”, mas Pei sustenta que essa é a única forma de evitar um excesso de estoque que poderia pôr em perigo a viabilidade da empresa. Também afirma que melhorou o sistema, que agora a empresa tem mais aparelhos prontos para o lançamento do dia 11 e que será muito mais fácil comprá-los. E o preço. Na Europa o Two custará 399 euros [1.475 reais] na versão de 64 gigas e 339 euros [1.253 reais] na de 16 gigas.

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