_
_
_
_
Estado Islâmico
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Atrocidades repetidas

O jihadismo mais fanático exibe seu desprezo pela herança cultural da humanidade

Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) – ou Daesh, denominação pejorativa que os radicais consideram um insulto – conseguiram voltar a sacudir a opinião pública ocidental por meio de cenas atrozes em Nínive, nas quais são destruídas com indiferença selvagem peças arqueológicas milenares pertencentes à civilização assíria. Em sua estratégia de provocação constante, os ideólogos do Daesh devem ter considerado que a opinião pública está se habituando às imagens brutais de homens decapitados, queimados vivos, arremessados ou crucificados – um a um ou em grupo, com montagem cinematográfica ou em imagens sem edição –, e agora difundiram cenas nas quais o espetáculo é a destruição de um patrimônio cultural irrecuperável.

Mais informações
O Estado Islâmico divulga um vídeo em que destrói estátuas milenares
‘Jihadista John’ é identificado
Três são detidos em Nova York acusados de tentar se unir ao EI
Estado Islâmico sequestra 90 cristãos no Nordeste da Síria

O vídeo causou a natural consternação em qualquer pessoa com senso comum. Esse mesmo senso comum – que diferencia a pessoa civilizada daquela que não é – nos faz estabelecer uma hierarquia nas barbaridades cometidas pelo Daesh. Em primeiro lugar, os assassinatos; em segundo, as humilhações e torturas; depois, os milhões de refugiados; e, finalmente, os terríveis danos materiais. É provável que o desprezo que os militantes do Daesh sentem pela vida humana os tenha levado a confundir a ordem que as sociedades possuem, começando pelos muçulmanos e os cristãos orientais, suas principais vítimas. Embora dolorosa, a destruição de uma herança comum nunca superará na escala de valores o horror de ver um homem queimado em uma jaula, uma criança crucificada ou um grupo de pessoas degoladas em fila junto ao Mediterrâneo.

Por mais natural que seja a reação de reagir à brutalidade do Daesh com toda a força possível, convém recordar que isso é precisamente o que o jihadismo pretende para poder justificar seu discurso vitimizante, encobridor das constantes violações dos direitos humanos.

Mas podem e devem ser feitas outras coisas, como cortar completamente suas fontes de financiamento, perseguir sem trégua os recrutadores que atuam nas democracias e adotar todas as medidas necessárias – a França acaba de confiscar vários passaportes – para evitar que cidadãos ocidentais engrossem suas fileiras. E tudo isso sem esquecer o apoio sem divisões a quem os combate in loco. O Daesh se equivoca se pensa que destruindo figuras pode acabar com séculos de civilização.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_