18 fotosModa e Oscar: um amor de cinemaPara além do tapete vermelho, lembramos alguns dos filmes que marcaram época e entraram para a história da moda e do estiloCarles Gámez19 fev. 2015 - 10:06BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinBlueskyLink de cópiaEdith Head recebeu seu terceiro Oscar de melhor figurino e o vestido tomara-que-caia amarelo claro usado por Elizabeth Taylor em 1951 em ‘Um Lugar ao Sol’, de George Stevens, se tornou um dos modelos mais copiados da década de 1950.Entre as categorias em que o musical ‘Amor, Sublime Amor’ (Robert Wise e Jerome Robbins, 1961) competia estava a de melhor figurino colorido, em que acabou ganhando. Os tênis All Star Converse dos Sharks e os pés de George Chakiris apontando para a parte alta da ilha de Manhattan destacavam a vitória da cultura urbana – futuro street style – com partitura de Leonard Bernstein.O estilista James Acheson acertou em cheio e levou o Oscar de melhor figurino por ‘Ligações Perigosas’ (Stephen Frears, 1998), uma história de nobres cortesãos, saias flutuantes e perucas volumosas que fariam inveja na Revolução Francesa. Madonna e Jean Paul Gaultier tiraram deste filme algumas boas ideias para o guarda-roupas cênico da turnê mundial 'Blond Ambition'.A moda romântica e de gosto colonial teve um revival graças ao casal Meryl Streep e Robert Redford e a suas andanças em ‘Entre Dois Amores’ (Sidney Pollack, 1985). A estilista Milena Canonero – que já havia recebido um merecido Oscar por Barry Lyndon – foi indicada, mas viu o prêmio ir para o Extremo Oriente e os guerreiros imperiais de ‘Ran’ (Akira Kurosawa, 1985).Apesar de a edição do Oscar de 2015 da Academia ter-se inclinado – como de costume – para o desenho de significado histórico ou de fantasia, o figurino criado pela estilista Trish Summerville para a heroína maquiavélica interpretada por Rosamund Pike, que não sabemos se ganhará o prêmio de melhor atriz, em ‘Garota Exemplar’(David Fincher, 2014), refletia à perfeição a transição entre a menina cool de Nova York e a moradora de um local distante no Meio Oeste.O guarda-roupa de Priscilla e suas companheiras de luta em ‘Priscila, A Rainha do Deserto’ (Stephan Elliot, 1994) conseguiu desta vez se impor ao gosto antiquado dos membros da Academia no que diz respeito ao desenho do figurino cinematográfico. Desde as bananas e abacaxis de Carmen Miranda, Hollywood não havia brilhado com tanta fantasia e exuberância na tela.Em plena onda de nostalgia e celebração do chamado cine retrô, o figurino criado por Theoni V. Aldredge, com a ajuda inestimável de Ralph Lauren, ganhou o Oscar com seus ternos sob medida para Robert Redford e os chapéus para Mia Farrow em O Grande Gatsby (Jack Clayton, 1974). Outra vez, essa poderosa máquina formada por indústria, marketing, cinema e moda entrava em funcionamento, e as vitrines foram tomadas pelos despreocupados anos 1920.O estilista John Truscott ganhou com todos os méritos o Oscar de melhor figurino por 'Camelot '(Joshua Logan, 1967). A corte do rei Artur e da rainha Genebra se converteu em uma antessala do festival hippie de Monterrey 'Verão do Amor', nesta convergência feliz entre estética pré-rafaelita, medievalismo e celebração hippie.Marcello Mastroianni virou o novo latin lover ou playboy existencialista com seus óculos Wayfarer e terno escuro em ‘A Doce Vida’ (Federico, Fellini, 1960). O estilista Piero Gherardi ficou com o Oscar de melhor figurino, e o estilo italiano encontrava sua identidade como cristalização do made in Italy. A fascinação pelo estilo, a moda e a fama. Para a iconografia, Anita Ekberg como sereia com vestido de noite submergindo na Fontana de Trevi.Embora ‘Thomas Crown, o Magnífico’ (Norman Jewison, 1967) só tenha levado o Oscar de melhor canção – ‘The Windmills of Your Mind’ – o estilo criado pela designer Theadora Van Runkle para o casal Steve McQueen e Faye Dunaway, a direção artística e os títulos de crédito de Pablo Ferro acabariam criando um dos filmes mais estilizados da década e coroando Steve McQueen como rei do ‘cool’.Em ‘Sabrina’ (Billy Wilder, 1954), o casal Edith Head e Hubert de Givenchy forjava um dos grandes ícones da moda e do estilo projetados da tela: Audrey Hepburn. Primeira colaboração entre o designer e a atriz que iniciava uma história de amor de alta costura e elegância.Na edição de 1977, o Oscar de melhor figurino ia para ‘Guerra nas Estrelas’. Sem desmerecer o impecável Darth Vader e o restante da companhia estelar, a atriz Diane Keaton – Oscar de melhor atriz – redefinia em ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’ (Woody Allen, 1977) o ‘look’ da heroína urbana e contemporânea com elementos emprestados do guarda-roupa masculino e um toque de excentricidade.Apesar de suas múltiplas indicações, ‘Taxi driver’ (Martin Scorsese, 1976) acabou sem nenhum Oscar, entretanto o ‘look’ de Jodie Foster, calças curtas, sapatos plataforma, blusa e chapéu, permanece como uma das aparições mais vigorosas e ao mesmo tempo frágil da tela nesta nova mutação da mulher-menina e eterna Lolita.Indicada para melhor figurino – que iria para a nova versão de ‘O grande Gatsby’ –, os trajes e vestidos criados por Michael Wilkinson em ‘Trapaça’(American Hustle, David O. Russell, 2014) elevaram bastante o padrão nessa mescla de estilo caipira, alfaiataria de gosto italiano e decotes ousados que seus protagonistas usavam. Desde Tony Manero (John Travolta em ‘Embalos de Sábado à Noite’) não se via tanto mau gosto reunido na tela.Neste ano Wes Anderson com seu ‘Grande hotel Budapeste’ conquista o Oscar de melhor figurino, mas não recebeu nenhuma indicação com ‘Os Excêntricos Tenenbaums’ (2001). O estilo de cada um dos membros desta família e sua imagem global continuam sendo fonte de inspiração para designers e estilistas.O vestuário criado por Catherine Martin e Angus Strathie em ‘Moulin Rouge’ (Baz Luhrmann, 2001) levava o Oscar e a tela, como nos tempos da idade de ouro de Hollywood, renascia como um grande teatro de música e luz. O cinema voltava a dar à moda esse grande espelho de fantasia e voluptuosidade e, por que não, essas pitadas de ‘kitsch’ sempre tão necessárias.Kim Basinger ganhou com ‘Los Angeles, Cidade Proibida’ (Curtis Hanson, 1997) o Oscar de melhor atriz coadjuvante e o tempo acabou fazendo com que sua imagem e seu estilo ganhassem reconhecimento e influência no mundo da moda. As heroínas do cinema noir ressuscitavam com todo esplendor – e em cores – e as madeixas de Veronica Lake não pararam de ser copiadas desde então.Só pelo jogo de espelhos que domina a tela e a moda em ‘Rebecca, A Mulher Inesquecível’ (Alfred Hitchcock, 1940), essa história, ou passeio pelo amor e pela morte, teria merecido o prêmio, mas a categoria de melhor figurino ainda não existia e teve de conformar-se com o de melhor filme. A jaqueta de malha que Joan Fontaine usava em boa parte do filme passaria à crônica sentimental espanhola dos anos quarenta e entraria na história mais social da moda.