Europa dá quatro dias para que Grécia peça prorrogação do acordo de resgate
Reunião em Bruxelas sobre dívida grega termina sem acordo. Resgate atual expira dia 28
Uma reunião do Eurogrupo convocada para fechar um acordo sobre a Grécia terminou sem consenso, de acordo com fontes da instituição formada pelos ministros de Finanças da zona do euro. Os sócios da moeda única europeia deram um ultimato ao Governo de Alexis Tsipras para que ele peça a extensão do resgate grego entre hoje e sexta-feira. O atual plano de resgate caduca em 28 de fevereiro.
Bruxelas voltou a receber nesta segunda-feira uma reunião dos ministros do euro menos de uma semana depois do primeiro encontro fracassado entre o ministro da Economia grego, Yanis Varoufakis, e seus pares europeus. O ministro espanhol, Luis de Guindos, mostrou ao entrar no Eurogrupo “otimismo” sobre chegar a um acordo que parece muito improvável. Mas a Espanha insiste que Atenas precisa respeitar as regras. Guindos ressaltou que a “linha vermelha” da Espanha é que os empréstimos sejam devolvidos “integralmente”.
Depois da estreia do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, na cúpula do Conselho Europeu na semana passada, uma equipe técnica das três instituições que antes constituíam a chamada troika —o Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia— começou a trabalhar com o Governo grego para conseguir chegar a um acordo nesta segunda-feira com seus parceiros do euro. O tempo é curto, tendo em vista que o resgate atual expira no final de fevereiro, e alguns parlamentos nacionais precisam ratificar a possibilidade de uma prorrogação. Guindos afirmou que a prioridade no momento é “encerrar o programa atual, vendo-o sob a análise da situação do cumprimento dos compromissos gregos e dos desembolsos que continuam pendentes”.
O ministro da Economia espanhol descartou que as desavenças entre o Eurogrupo e a Grécia possam contagiar outros países da eurozona. Nesse sentido, tentou ressaltar o fato de a Espanha ser, junto com a Alemanha, uma das economias que mais crescem na eurozona. Isso é, segundo Guindos, uma prova de que “as políticas econômicas funcionam, permitem tirar os países da recessão, criar crescimento econômico e que se comece a ver geração de empregos, e isso é um exemplo para todos”.
A maioria dos ministros da Economia que compareceram nesta segunda-feira à reunião do Eurogrupo manifestou otimismo e vontade de chegar a um consenso “justo tanto para a Grécia quanto para os parceiros do euro”. O responsável francês pela área, Michel Sapin, insistiu que a extensão do programa do resgate é a opção “mais segura”. A França se consolida assim como o eixo do grupo de parceiros mais favoráveis a fazer concessões à Grécia, diante da firmeza manifestada pela Alemanha e pelos credores, de um lado, e pelos países periféricos resgatados (Irlanda, Portugal e Espanha), muito duros em relação ao novo Governo do Syriza.
A Grécia e seus parceiros estão no meio de uma negociação, e na Europa isso pressupõe um certo grau de drama, antes de se chegar a um acordo. Até que o drama seja encenado –quando o final de fevereiro se acercar— é de se esperar que suba o tom das declarações. Nesta segunda-feira isso aconteceu pelo menos duas vezes. Uma, com o ministro alemão, Wolfgang Schäuble, numa rádio alemão, chamando de “irresponsável” o Executivo grego. A segunda, com o ministro grego,Yanis Varoufakis, que no The New York Times disse: “As linhas que apresentamos como vermelhas não serão cruzadas, sejam quais forem as consequências.”
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