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Vaticano formaliza excomunhão de padre brasileiro que defende gays

Processo foi iniciado em abril do ano passado por conta de postagens em redes sociais

Padre Beto em frame de vídeo postado em janeiro de 2014.
Padre Beto em frame de vídeo postado em janeiro de 2014.Reprodução

Mais de um ano depois de iniciado o processo, o Vaticano oficializou neste sábado a excomunhão do padre Roberto Francisco Daniel, de 49 anos, conhecido por advogar pela causa dos homossexuais. Francisco Daniel sofreu uma advertência por usar redes sociais para falar sobre a possibilidade de amor entre duas pessoas do mesmo sexo e se negou, depois disso, a participar de um tribunal eclesiástico, o que, para a Igreja, significou negar “a comunhão e obediência ao seu legítimo superior eclesiástico”, segundo mensagem sobre a excomunhão publicada neste fim de semana no site da Diocese de Bauru (SP).

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“A causa da excomunhão não foi uma punição irrogada pelo Bispo ou pelo Papa, mas em virtude dos seus atos cismáticos e heréticos que, pela prática dos mesmos, o Sacerdote foi atingido – automaticamente – pela censura de excomunhão”, diz o comunicado. Durante o processo de excomunhão, iniciado em abril do ano passado, Francisco Daniel já havia decidido anunciar seu “desligamento do exercício dos ministérios sacerdotais”. Apesar disso, Padre Beto, como é conhecido, vem celebrando cerimônias de casamento e comparecendo a velórios, mas “sem ser em nome da Igreja Católica”.

Professor de filosofia no Centro Universitário de Bauru e na Universidade Paulista (Unip), Padre Beto ministra palestras na área de ética e já vinha dizendo que não pretendia voltar para a Igreja Católica ou mesmo fundar uma igreja própria. "Acho que o ciclo se encerrou. A Igreja precisaria mudar muito para que eu conseguisse voltar para ela", disse em entrevista ao EL PAÍS em agosto passado.

Na mensagem de excomunhão, o padre Tiago Wenceslau, juiz instrutor para as “matérias reservadas a Sé Apostólica”, solicita “aos fiéis para que não participem de possíveis ‘atos de culto’ que forem celebrados pelo referido padre” e esclarece que “todos os matrimônios celebrados (assistidos), após a declaração da pena, pelo mesmo sacerdote são inválidos pelo próprio Direito”.

O informe da excomunhão termina com um convite para que “todos os cristãos católicos rezarem para que o Espírito Santo ilumine a todos, sobretudo, ao referido sacerdote para que tenha a coragem da humildade sabendo pedir perdão e se reconciliando com a Igreja que o acolheu e lhe concedeu o sacerdócio ministerial”.

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