_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Gaza sangra

É urgente um cessar-fogo entre Israel e Hamas que detenha a morte de civis indefesos

Gaza vive os dias mais sangrentos desde que começaram os bombardeios israelenses há duas semanas. A decisão do primeiro-ministro Netanyahu de entrar na Faixa —derrotando seus parceiros mais bélicos— levou a batalha a zonas urbanas densamente povoadas, incluindo a cidade de Gaza. Mais de 500 mortos, a maioria palestinos, e o clamor internacional não detiveram o dilúvio de fogo, apesar dos combates terem tirado a vida de cerca de 20 soldados israelenses.

Israel, nas asas de sua esmagadora superioridade militar, não considera que chegou a hora da trégua. Sua ofensiva em Gaza não vai acabar com o regime extremista da Faixa, sustentado basicamente pelo Irã, nem pretende a reocupação de um território que acrescentaria o pesadelo de outro enorme milhão de palestinos sob o Governo de Jerusalém. Gaza é melhor administrada isolada e sitiada, com um Governo incompetente e algemado também agora ao vizinho Egito. Com sua decisão, Netanyahu tenta basicamente destruir os túneis pelos quais o Hamas se infiltra em Israel e as localizações de seus foguetes.

É legítimo o direito de cada país defender-se, mas manter uma ofensiva duradoura em grande escala acarreta riscos significativos para Israel. Não apenas o da comprovada vulnerabilidade de suas tropas em cenários de guerrilha urbana. Também a multiplicação exponencial de vítimas civis em uma guerra obscenamente assimétrica, que contribui para degradar ainda mais a percepção internacional do Estado judeu.

Apenas nos últimos dias surgiu um movimento de mediação entre o Hamas e Israel. Depois do pedido de cessar-fogo do Conselho de Segurança, Obama tenta alistar em um eventual exército o presidente egípcio, hostil aos fundamentalistas palestinos da Faixa, que desfrutaram da proteção da proibida Irmandade Muçulmana. Washington e seus aliados europeus buscam também o envolvimento do Qatar e da Turquia. Enquanto a agitação diplomática ganha forma, Israel tenta destruir a capacidade militar do Hamas. Para Netanyahu, um cessar-fogo antes de avançar em seus objetivos militares equivaleria à uma derrota. A tragédia de Gaza é a inexistência de um plano de paz confiável para o Oriente Médio. Nesse vazio, o final da operação em curso, quando chegue, significará provavelmente o começo de uma nova contagem regressiva para outro ciclo de violência.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_