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Sikur, segurança ‘made in’ Brasil

Empresa brasileira apresenta no Mobile World Congress um sistema de mensagens criptografadas

Visitante tira foto durante a Mobile World Congress, em Barcelona.
Visitante tira foto durante a Mobile World Congress, em Barcelona.David Ramos (Getty Images)

O caso Snowden começava a vir à tona ao mesmo tempo em que a companhia brasileira Sikur dava início ao seu projeto mais ambicioso: cuidar da segurança das comunicações do Governo brasileiro. Era junho de 2013 e, apesar de ainda não se saber que a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) tinha espionado inclusive a presidenta Dilma Rousseff, a empresa pertencente ao grupo Ciberbras começava a habilitar um sistema de mensagens criptografadas do qual fazem uso agora 15.000 servidores públicos do Ministério da Justiça do país e que, dentro de três anos, a previsão é de que seja utilizado por 600.000.

O Sikur é uma plataforma on-line na qual só podem ser enviadas e recebidas mensagens entre seus usuários. “É impossível criar um e-mail completamente seguro, porque se o destinatário não utiliza um serviço que também o seja, abre-se a porta para que a mensagem seja interceptada”, explica o diretor do Sikur, Leandro Coletti. Por isso, o Sikur avisa seus clientes por e-mail de que têm uma mensagem e estes devem entrar na plataforma para conseguir lê-lo. A companhia apresenta no Mobile World Congress, em Barcelona, seus dois últimos produtos: o SK Vault e o SK Mobile, disponíveis desde esta segunda-feira na AppleStore e na PlayStore.

O primeiro é um sistema que permite compartilhar arquivos de forma segura. Os mais desconfiados podem, inclusive, criar os documentos na plataforma, o que permite que, caso o computador tenha um vírus, este não afete o arquivo. “O Dropbox é utilizado por questões de espaço, para guardar o que sobra. Já o SK Vault é um cofre: serve para guardar as joias”, comenta Coletti. Por enquanto, só permite criar documentos com formatos .doc (o utilizado pelo Word) e .xls (Excel), aos quais em alguns meses se unirá o .ppt (Power Point). O espaço mínimo disponível é de cinco gigabytes. Seu preço é de 19,99 dólares por mês (46,7 reais).

O segundo é um sistema de mensagens instantâneas para o celular. Ingressa-se nele através de um pin e o usuário deve ser convidado e ser aceito antes de iniciar sua primeira conversa. O seu preço é de 4,99 dólares ao mês (11,6 reais). “No Brasil há muitos problemas de comunicação por sua geografia, mas o alcance dos smartphones é muito grande”, afirma Coletti. “Entre os policiais brasileiros, 60% têm um. Por isso interessa ao Governo que, em vez de que se comuniquem por WhatsApp ou Skype, que não são seguros, tenham um sistema que o seja”.

O descobrimento das práticas de espionagem da NSA evidenciou a preocupação pela privacidade em empresas e instituições. A Petrobras, uma das companhias supostamente afetadas, está em conversação com o Sikur para instalar seu sistema nas comunicações entre seus empregados. “Nós não temos backdoors (portas de acesso às informações evitando o sistema de autenticação, e que supostamente foram utilizadas pela NSA para interceptar computadores e celulares). Nós sequer podemos entrar nas mensagens de nossos usuários”, assegura o diretor do Sikur.

A companhia também oferece o SK Enterprise, que reúne os serviços de mensagens, celulares e transferência de arquivos por 49,99 dólares mensais (116,7 reais) por usuário. Uma das vantagens de Sikur é que o remitente pode decidir quanto tempo pode estar disponível uma mensagem para sua leitura. Uma vez decorrido, o destinatário já não tem acesso a ele. “E dentro de um par de meses, se terá a opção de eleger se o destinatário tem permissão para descarregar os arquivos adjuntos ou se só pode os ver”, acrescenta Coletti.

A empresa, criada faz três anos, conta com 50.000 usuários de 300 empresas. Embora o seu principal mercado esteja na América Latina, sobretudo em Brasil, México e Colômbia, busca expandir-se para a Europa e os EUA com a abertura em junho de dois escritórios neste último país e outro em Londres.

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