_
_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Trump destrutivo

Presidente dos EUA espalha o caos ao seu redor de forma alarmante

Trump sorri enquanto o chefe do Estado Maior e o secretário de Defesa, Jim Mattis, se alinham na homenagem aos mortos em Arlington
Trump sorri enquanto o chefe do Estado Maior e o secretário de Defesa, Jim Mattis, se alinham na homenagem aos mortos em ArlingtonPablo Martinez Monsivais (AP)

A renúncia do diretor de Comunicação da Casa Branca, Mike Dubke, com apenas três meses no exercício das suas funções, é outro exemplo do nível preocupante de desorganização no Governo mais poderoso do planeta. Dubke teria apresentado sua renúncia há semanas, mas decidiu adiar o anúncio para não atrapalhar a viagem presidencial pelo Oriente Médio e Europa que, por outro lado, teve alguns resultados desastrosos em termos de comunicação.

Mais informações
Editorial | Advertência de Merkel
Trump rebate Merkel e acusa Alemanha de prejudicar economia dos EUA
Trump expõe divergência com políticas predominantes do G7
Reunião do G7 começa marcada por fortes atritos entre Trump e outros líderes

Contratado em fevereiro por Sean Spicer, assessor de imprensa e porta-voz da Casa Branca, Dubke tinha tentado colocar ordem na imagem caótica que oferece quase diariamente o presidente dos EUA. Uma tarefa que parece impossível com um presidente que – como ele mesmo revelou em várias entrevistas – usa à noite, sem que sua equipe de comunicação saiba, sua conta pessoal no Twitter de forma irresponsável e muitas vezes agressiva.

Donald Trump parece não ter entendido – é difícil que entenda agora – que não é um usuário comum das redes sociais e não pode se comportar nela como o que é conhecido como um troll, um perfil baderneiro que polemiza sobre qualquer assunto. Neste contexto, não seria surpreendente que se confirmassem as previsões da imprensa norte-americana, e que o próximo a apresentar sua renúncia fosse o próprio porta-voz da Casa Branca.

O último alvo de Trump nas redes foi a chanceler alemã, Angela Merkel. Ontem o presidente voltou a jogar na cara da Alemanha que a balança comercial com os EUA é positiva para Berlim, como se isso fosse uma afronta, e finalizou sua mensagem com uma ameaça própria de bares de má fama e, em qualquer caso, totalmente inaceitável na política internacional e nas relações entre aliados: “Isso vai mudar”.

Certamente para Trump, acostumado a denegrir e atacar seus oponentes pessoalmente, será difícil compreender como o principal rival de Merkel, o social-democrata Martin Schulz, apoiou ontem a posição da chanceler. Schulz descreveu Trump como “destruidor de todos os valores ocidentais”, expressão que talvez para o presidente dos EUA – viciado na linguagem rude – não pareça muito forte, mas que é um diagnóstico duro do que está causando o inquilino da Casa Branca.

Esses valores ocidentais são, sem dúvida, também norte-americanos. É urgente que os legisladores de Washington tomem consciência de que os dois lados do Atlântico vão pagar um preço alto e indesejável se este presidente errático e incapaz de controlar seus impulsos continuar atacando laços que foram tão difíceis de costurar. Eles têm os mecanismos legais para impedir que isso aconteça.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_