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Mãe de um dos suspeitos de estupro coletivo no Rio entrega filho à polícia

Ao menos mais quatro jovens são suspeitos de participar de crime, registrado em vídeo e postado em rede

María Martín
Adolescente vítima de estupro coletivo deixa delegacia.
Adolescente vítima de estupro coletivo deixa delegacia. Gabriel de Paiva (Agência Globo)
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A mãe de um dos jovens suspeitos de participar no estupro coletivo de uma menina de 12 anos no Rio entregou o filho à polícia nesta terça-feira. O menor, cujo depoimento pode ajudar a esclarecer a dinâmica do crime, seria um dos –pelo menos– cinco jovens que participaram do abuso, cerca de três semanas atrás, em uma favela da Baixada Fluminense, na região metropolitana. Ele teve “total participação no ato”, afirmou a O Globo a delegada responsável pelo caso, Juliana Emerique.

Emerique já adiantou na segunda-feira que esperava a colaboração dos familiares dos agressores para prender os culpados. “Na maioria dos casos acabam sendo os pais que apresentam os menores. Ninguém quer se furtar de um crime tão nefasto, tão violento, ter uma resposta”, disse. Além do depoimento do rapaz, nesta terça poderia ser ouvido também o pai da vítima que, junto à família, deve entrar no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, mudar de Estado e de identidade.

Além de estuprá-la e agredi-la com tapas durante uma hora, os rapazes gravaram parte do abuso com o celular e divulgaram o vídeo em redes sociais. Foi assim que, só três semanas depois, a tia da menina ficou sabendo do acontecido ao ser avisada de que um vídeo da sobrinha estava sendo espalhado no Facebook. Nas imagens pode-se ver a resistência da menina assim como algumas das frases dos agressores. "Tapa o rosto da novinha", dizem enquanto a garota abraça uma almofada na altura da cabeça. Em outro momento, um dos estupradores alerta: "Cala a boca, se alguém ouvir sua voz vai saber que é tu". Após a denuncia da tia, na sexta-feira, a Polícia Civil ouviu a mãe e a vítima, que sofre com o julgamento não só das redes sociais, mas também do seu círculo próximo de amizades.

Como numa repetição do roteiro do caso do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Rio há menos de um ano, comentários na rede, inclusive de pessoas que dizem conhecer a menor, a apontam como culpada e não como vítima. “É muito ruim a existência de julgamentos na Internet, até em seu círculo de amizades. Está sendo um grande susto na vida dessa menina”, disse a delegada Emerique.

Os envolvidos no crime devem responder por estupro de vulnerável, castigado com até 15 anos de prisão. Os investigadores têm certeza de que não houve “nenhum tipo de anuência” da vítima, mas mesmo havendo consentimento a lei brasileira considera estupro o ato sexual com menores de 14 anos. Os agressores e quem promoveu a divulgação das imagens também podem responder por crimes relacionados à produção e divulgação de material pornográfico de uma menor de idade que podem supor até oito anos de cárcere.

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