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MBL: “Nenhuma democracia saudável mobiliza 2 milhões de pessoas com frequência”

Para líder Kim Kataguiri, engajamento nas redes tem sido eficaz para tirar ministros e brecar projetos como o de abuso de autoridade

O número menor de manifestantes no protesto deste domingo, 26 de março, não preocupa Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, que vê as redes sociais como uma arma eficiente para controlar o jogo do poder.

Kim Kataguiri, do MBL
Kim Kataguiri, do MBLC.J.

Pergunta. Vocês já têm datas para novos protestos?

Resposta. Ainda não, temos que esperar a repercussão deste, para ver como o Congresso reage e aí a gente marca outro.

P. Vocês esperavam que houvesse menos gente? Ou vocês acham que é só um começo para novos protestos?

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R. Não, foi mais ou menos do mesmo tamanho que o último protesto pós impeachment. Evidentemente não vamos reunir milhões de pessoas como na época do impeachment porque era uma bandeira histórica, muito mais engajante do que essa. Mas também nenhuma democracia saudável mobiliza dois milhões de pessoas com frequência.

P. Não acha que as pessoas estão cansadas de vir pra rua?

R. As pessoas naturalmente querem cuidar das suas vidas, preocupar-se com a sua vida pessoal. Mas o engajamento nas redes sociais aumentou em relação à época do impeachment, e a resposta a esse engajamento também aumentou. Hoje a gente vê algo que não víamos no Governo Dilma. Por pressão de rede social, tem ministro envolvido na Lava Jato caindo. Por pressão de rede social tem recuo Renan Calheiros sobre projeto de abuso de autoridade recuando. Então a dinâmica tem sido mais eficaz.

P. Tem muita gente confusa com a questão da reforma da Previdência...

R. Tenho conversado bastante com pessoal que está com dúvida.

P. Chama a atenção vocês defenderem a auto-gestão privada da previdência.

R. Isso é um pilar. Em outro pilar continua sendo público.

P. Porque em outros países como o Chile a previdência privada não deu certo.

R. Exato. Por isso a gente mistura um modelo de repartição com capitalização. O problema do Chile é que o trabalhador mais pobre, o rural, ele não consegue contribuir formalmente. Ele não tem um piso para trabalhar o suficiente para conseguir a capitalização. Por isso a gente defende a renda mínima, mais a capitalização.

P. Renda mínima para trabalhador rural?

R. Para todo mundo, mesmo para quem nunca contribuiu nem para INSS e nem para capitalização..

P. Vocês já fizeram essa conta, e ela fecha?

R. Fecha sim, na verdade nós não fizemos, foram professores da USP que elaboraram proposta para a Fipe [Fundação Instituto de Pesquisa Econômica].

P. Vocês estão contra o financiamento público das campanhas. Qual é a proposta de vocês?

R. Uma emenda constitucional para que volte o financiamento privado.

P. Mas aí não voltamos ao que era antes, com o risco de caixa 2 com as doações privadas?

R. Mas é uma questão que não resolve. O caixa 2 continua existindo no financiamento público.

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