Foto de Moro e Aécio rindo juntos eletriza as redes em pleno caos no país
Em meio a crise institucional, juiz sorrindo com políticos tucanos provocou polêmica na Internet
Sérgio Moro, que nas manifestações tingidas de verde e amarelo já ganhou a alcunha de Super-Moro, agora é o Brasileiro do Ano na Justiça. Na noite de terça-feira ele recebeu o prêmio da revista Istoé, em cerimônia realizada em São Paulo. Não foi a primeira honraria concedida ao magistrado de primeira instância, responsável pelos processos da Operação Lava Jato que tramitam em Curitiba. Mas talvez tenha sido a mais polêmica: em certo momento, o juiz foi fotografado conversando animadamente com o senador tucano Aécio Neves (PSDB), sorrisos estampados na face. Completam o retrato, sentados à frente dos dois, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o governador de São Paulo, o também tucano Geraldo Alckmin e o presidente Michel Temer. E tudo isso em meio ao caos institucional que se instaurou em Brasília com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) desafiando o Supremo Tribunal Federal.
Nas redes sociais a imagem viralizou, e deu munição para aqueles que criticam a Lava Jato e Moro por não investigarem os escândalos tucanos com o rigor dedicado aos crimes de petistas. Aécio, por exemplo, foi citado em delações de executivos da Odebrecht e da OAS, além de ter seu nome envolvido em escândalos como o de Furnas. Em um grampo telefônico divulgado pela Justiça, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado chegou a afirmar que caso a Lava Jato continuasse avançando "o primeiro a ser comido vai ser o Aécio". Em todos os casos ele alega inocência, e os processos se arrastam no Judiciário. Não ajudou a causa do juiz o fato de logo à sua frente estar sentado Temer, cujo partido, repleto de políticos na mira da Justiça, é um dos maiores interessados em desmantelar a investigação comandada pelo juiz. Ou nas palavras do peemedebista Romero Jucá, “estancar essa sangria”.
O PMDB do presidente também foi um dos partidos que patrocinou – ao lado de PT, PSDB e outros – o desmantelamento do projeto das Dez Medidas Contra a corrupção, patrocinado pelo Ministério Público Federal. E pela inserção no pacote de uma medida que prevê punição a juízes, promotores e procuradores que cometam “abuso de autoridade”. Aécio foi um dos senadores que teria articulado pela urgência na votação do projeto do Senado, segundo notícias de bastidores dos principais jornais do país. O projeto acabou não vingando. A manobra fez com que a força-tarefa da Lava Jato ameaçasse renunciar coletivamente caso o pacote fosse aprovado nestes moldes, e o próprio Moro criticou as alterações. Presentes na cerimônia, mas ausentes na polêmica foto, também estavam o chanceler José Serra (PSDB), o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes (PSDB), e o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB).
Uma foto ao lado de Doria tirada no início do ano em um evento de empresários organizado pelo tucano também deu origem a especulações e acusações de que o juiz estaria muito à vontade ao lado de políticos do PSDB. A Moro lhe cai a cobraça do provérbio “à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. Na Justiça, não basta ser sério. É preciso parecer sério.
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