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Exército diz ter atuado com Governo Alckmin para ação em manifestação

Comandante-geral contradiz secretaria paulista, que reitera que não houve operação conjunta

Marina Rossi

O comandante-geral do Exército, general Eduardo da Costa Villas Bôas, afirmou nesta terça-feira que houve "absoluta interação" com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para uma operação no dia 4 de setembro em São Paulo ligada a atos anti-Governo na cidade. A afirmação do general confronta diretamente a versão dada pela pasta do Governo Alckmin para o episódio. Questionada, a secretaria reiterou "que não houve qualquer operação conjunta durante as manifestações em São Paulo".

O capitão Willian Pina Botelho, apontado como infiltrado.
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Naquele dia, 21 manifestantes foram detidos antes de um protesto pelo "fora, Temer" e só liberados quase 24 horas depois, quando as prisões foram decretadas ilegais. Os detidos apontavam um infiltrado no grupo, que se apresentava como Balta Nunes. Conforme revelado por EL PAÍS e pela Ponte Jornalismo, Nunes era na verdade o capitão Willian Pina Botelho, lotado no Comando Militar Sudeste, em São Paulo. Ele usava o aplicativo de relacionamentos Tinder para se aproximar de manifestantes.

"Houve, houve, houve uma absoluta interação com o Governo do Estado", disse Villas Bôas, à Rádio Jovem Pan nesta terça-feira. "As pessoas precisam entender que o Exército tem sido demandado para o cumprimento de várias missões fora da nossa esfera de responsabilidade primordial, vamos dizer assim". No dia 10 de setembro, por meio da assessoria de imprensa, o órgão emitiu uma nota dizendo que "nega a existência de uma operação conjunta na ocasião citada", e que "a PM desconhece qualquer ação de inteligência que tenha sido realizada por outro órgão de segurança".

Na nota, a secretaria paulista diz ainda que "não conhece o homem apontado pela reportagem como um suposto infiltrado das Forças Armadas". Já o general Villas Bôas diz que o capitão Botelho não estava infiltrado naquele dia. "O primeiro aspecto a destacar que ele não estava infiltrado, estava acompanhando". O general não disse por que Botelho não estava fardado e se apresentava com outro nome aos manifestantes.

"Nós estamos muito tranquilos porque estamos absolutamente respaldados pela legislação e por medidas que haviam sido adotadas", seguiu Villas Bôas. Ao EL PAÍS, o Exército afirmou que abriu uma sindicância para apurar o caso, e que deve ser finalizada até novembro. Para justificar as operações de inteligência e monitoramento de manifestantes, evocou a Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Sancionada por Dilma Rousseff em 2014, a Lei estabelece diretrizes para o emprego das Forças Armadas para "garantir ou restaurar a lei ou e ordem". No texto, diz que uma operação da GLO ocorre "de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado".

"Havia a situação dos Jogos Olímpicos, havia uma situação de segurança do presidente, estava tudo dentro deste contexto", seguiu o general à rádio. Em 4 de setembro, poucas horas antes da manifestação que reuniu 100.000 pessoas na Paulista, a  avenida recebeu a passagem da tocha olímpica. O presidente Michel Temer, no entanto, não estava presente. Segundo a agenda oficial, consultada no site do Planalto, Temer estava na China naquela ocasião, para a reunião da cúpula do G20.

Procurado, o Exército não havia se manifestado até a publicação desta reportagem.

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